quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Como segurar achigãs de porte

É comum ver fotos de achigãs. Mais comum ainda, é ver fotos nas quais os animais são mal manuseados, podendo o ato conduzir a graves lesões que limitarão a sua atividade futura, podendo mesmo conduzir à morte.
Para todos os que não matam, não vendem achigãs (infelizmente poucos, no triste panorama nacional) e se preocupam com o futuro deste magnífico peixe nas nossas águas, aqui fica a metodologia a seguir (molhar sempre as mãos):

Copyright: © Texas Parks and Wildlife Department

SF

sábado, 12 de setembro de 2009

Epinephelus marginatus - Mero


(Foto de Vitor Lopes)

Epinephelus marginatus
é um peixe da família Serranidae que habita as águas do mediterrâneo e algumas zonas do oceano Atlântico. É uma espécie de peixe que habita zonas rochosas. Costumam também ser encontrados próximos de naufrágios e pilares de estruturas.
Espécie muito vulnerável à pesca, pois possui taxas de crescimento lento; atinge grandes tamanhos, agregando-se para a reprodução; maturam sexualmente tardiamente e são territoriais.

O formato é arredondado e chega a ultrapassar dois metros de comprimento. Apesar de sua imponência, permite que as mãos humanas passeiem por sua pele escamosa.

Principais características:
• Vive até 100m de profundidade.
• Pode viver 40 anos.
• Atinge mais de 2m de comprimento.
• Começam a reproduzir-se com 1,1 a 1,2 metros de comprimento e com 4 a 7 anos de idade.
• Agregam-se perto da foz de grandes rios em épocas e locais conhecidos com a finalidade de encontrarem parceiros para a reproduzir.
O mero é hermafrodita; nasce fémea e torna-se macho em média a partir dos 10kg de peso.
• Gostam muito de comer lagostas.

Os juvenis estão presentes mais junto à costa. Os estudos sobre estes peixes são escassos. Porém, já é verificado em outras regiões estudadas (ex.: Golfo do México) que a biologia da destes animais possui características que tornam a população altamente susceptível a sobre pesca, conduzindo a uma diminuição rápida dos seus efetivos. Cerca de um quarto dos pontos de agregação conhecidos foram totalmente eliminados.
Em Portugal são capturados a caça submarina ou na pesca desportiva, estando em alguns pontos protegidos.
É uma espécie que encanta mergulhadores, dos iniciados aos mais experientes.
Actualmente encontra-se em regressão a nível mundial. A causa mais provável dos drásticos declínios é a pressão forte da pesca em agregados reprodutivos. Quando um grande número de peixes normalmente dispersos, são concentrados em áreas e em horas previsíveis, são altamente vulneráveis. Sua taxa de crescimento lenta, vida longa, e grande tamanho de maturação sexual fazem desta espécie muito vulnerável, diminuindo a variabilidade genética.
O mero vem recebendo atenção de pesquisadores em todo o oceano Atlântico em função de seu status de conservação, classificado como criticamente ameaçado (IUCN, 2006).

Ameaças
A maior ameaça ao mero é provavelmente o homem, desde que é um peixe excelente como alimento, sua carne é deliciosa e branca. São também peixes fáceis de pescar, utilizando-se de uma variedade de artefactos.
Na pesca à linha, a subida do peixe provoca alterações na bexiga gasosa, tornando muito complicada a sua devolução. O método porém existe e é praticado no Brasil com sucesso.
Os meros são peixes que vivem cerca de 40 anos, crescem devagar e demoram a iniciar atividade reprodutiva. Quando se retira um animal tão grande do mar, o papel que este peixe representava no ambiente vai demorar para ser novamente exercido por outro peixe. Outro problema reside no facto dos meros se agregarem, isto é, reunirem-se em datas e locais conhecidos pelos pescadores. Quando estão juntos tornam-se ainda mais vulneráveis.
Não há muitas informações sobre seus predadores naturais, porém os tubarões atacam juvenis em zonas costeiras. Outros serranídeos, barracudas e moreias alimentam-se provavelmente de juvenis (Sadovy et al., 1999). Entretanto, uma vez alcançado a maturidade, poucos predadores podem se alimentar devido seu tamanho e natureza discreta (GMFMC, 2001)

Biologia
Membro da família Serranidae é o maior dos representantes no Atlântico podendo chegar ao peso máximo de aproximadamente 455 kg e são marcados visivelmente por seus cabeça lisa e larga, espinhos dorsais curtos, olhos pequenos e dentes caninos. Sua cor varia de marrom amarelado à azeitona, com os pontos escuros pequenos na cabeça, no corpo e nas barbatanas.
Os machos tendem a mudar a cor ao cortejar. Quanto mais peixes estiverem reunidos, mais intensas são as interações entre os indivíduos (Sadovy et al., 1999). Os meros são predadores situados em níveis superiores da cadeia trófica, alimentam-se principalmente de crustáceos, lagostas e caranguejos (GMFMC, 2001). Juvenis alimentam-se de camarões, caranguejos e bagres marinhos. Partes de polvos, tartarugas e outros peixes também foram encontrados (Sadovy et al., 1999). Notavelmente, adultos podem viver aproximadamente 30 anos de idade (26 para machos, 37 para fêmeas). Se a população fosse deixada intacta, poderiam viver acima de quarenta anos de idade (NOAA NMFS, 2001).
O maior problema enfrentado pelo mero é a falta de dados exatos inerentes à biologia da espécie.

Curiosidades
• Diminuição do tamanho médio da população sentida já em 1970.
• A pesca submarina representa a principal causa no declínio dos meros no Golfo do México. Em Portugal, ainda não temos informações suficientes que venham reforçar esta situação para nosso litoral pois trata-se de uma espécie pouco estudada.
• No Golfo do México encontra-se extinto como recurso pesqueiro.
• Padrões simples de gestão não foram suficientes para conter o declínio no Golfo do México.
• Em águas federais do EUA, no caso de captura acidental, devem ser imediatamente liberados.


Meros no mundo
O Mero é encontrado no Mediterrâneo e no Oceano Atlântico. Geralmente estão distribuídos em águas tropicais, mornas-quentes-temperadas, perto de naufrágios, rochas submersas, recifes de corais e outros substratos duros. O mero também é encontrado próximo às Bermudas (embora raro), no Pacífico oriental do golfo da Califórnia ao Peru (chegando provavelmente através do canal de Panamá), no Atlântico oriental de Senegal ao Congo (também raros). Uma vez abundantes em torno das costas da Flórida e partes do golfo do México, hoje são vistos raramente (Sadovy et al., 1999). Existe um consenso em que o mero foi sempre prolifico também fora de ambas as costas da Flórida, onde cientistas descobriram otólitos em comunidades pesqueiras pré-históricas (Sadovy et al., 1999). O Mero aprecia abrigos: furos, cavernas, recifes e naufrágios. São encontrados principalmente em águas rasas, baías e estuários nos Everglades, Baía da Flórida e Florida Keys. Juvenis procuram abrigos em zonas costeiras, enquanto adultos em torno de naufrágios mais afastados da costa. Grupos de juvenis as vezes formam cardumes em torno de naufrágios e recifes em profundidades de aproximadamente 45m, mas a maioria são encontrados em torno dos habitats rasos inshore.
No golfo de México, o acasalamento atinge o pico entre julho e setembro (Sadovy et al., 1999). Agregam-se em locais específicos em números de até 100 indivíduos.
Uma vez comum em águas fora da Florida e do Golfo do México há trinta anos, nenhum agregado foi observado fora da costa do leste da Florida nos últimos 25 anos. Agregados de até 150 peixes caíram a aproximadamente 10 em 1989 na parte oriental do Golfo do México. Entre 1979 e 1994 não houve nenhuma observação visual da espécie no parque nacional de Biscayne, Florida à Dry Tortugas e Florida Keys (Sadovy et al., 1999).
Na Flórida, o Mero está sendo monitorizado há alguns anos por investigadores.
Desde 1994, estudos em populações de meros no Golfo do México têm conduzido à observações de agregados reprodutivos de meros com aproximadamente 50 indivíduos a cada verão. Os cientistas têm trabalhado desde 1997 recolhendo dados de abundância de juvenis e de adultos, distribuição, idade, crescimento e uso do habitat, marcando e recapturando Meros. Estes estudos visam compreender padrões sazonais de migração e revelar informações sobre a utilização do habitat (NMFS/SEFSC).

Em Portugal
O mero tem uma distribuição geográfica no nosso país desde o algarve, até à zona de Peniche (Berlengas)
A maior população encontra-se na costa alentejana, desde o norte da zona de Sines até a zona do cabo Sardão (constitui também presença regular na costa vicentina).
Vive em média até aos 200 metros, podendo ser encontrado a partir dos 15/20 metros. Gosta de fundos bastante acidentados que usa como trunfo para as emboscadas aos seus alimentos favoritos: pequenos peixes, polvos e chocos.
Costuma ser capturado à linha utilizando a técnica de jigging. Se as condições o permitirem, deve ser imperativamente devolvido.
Na pesca profissional, são utilizadas as mesmas técnicas da pesca à corvina com isco vivo, utilizando principalmente o choco e a lula.
Na caça submarina deve-se evitar arpoar estes peixes.

Neste momento, a captura de meros em pesca submarina está proibida no continente e ilhas... um absurdo, pois todos os anos são capturadas 100 000 toneladas de meros a nível continental e insular, através da pesca profissional.
O seu crescimento é em média de um quilo por ano. Pode viver até 40/50 anos, atingindo 40/50 kg de peso... havendo registo de um mero pescado à linha em Sagres durante a década de 90, que pesou 51kg de peso.



Parte do texto retirado do site Meros do Brasil.

SF

sábado, 5 de setembro de 2009

Lunkercam

Observação on-line de achigãs de boca grande da Flórida no seu habitat natural (por Glen Lau, autor de "Bigmouth Forever").

Lunkercam

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

1º Festival do achigã em Odemira

O empobrecimento dos stocks de achigã nacionais é uma realidade.
A falta de gestão adequada e responsável, associada à delapidação levada a cabo por pescadores lúdicos e de competição (para pagar os seus luxuosos barcos, etc.), estão a dizimar a espécie em águas nacionais.
Para cúmulo, sucedem-se eventos locais (autênticos tesouros deprimentes) dignos de um país do terceiro Mundo.
Odemira é um concelho magnífico e com muitos pontos fortes. A valorização da conhecida espécie de Santa Clara, devia ser feita através de atividades que tivessem em vista a sua preservação e não o contrário.
Com uma gestão cuidada, as águas de Santa Clara poderiam ser um exemplo a nível Nacional e trazer milhares de pescadores e turistas para o concelho, desenvolvendo o turismo local como nunca. Já este evento, é degradante e um passo para trás no tempo.
Aqui fica o meu repúdio para com as entidades envolvidas: Comissão Fabriqueira da Igreja de Santa Clara-a-Velha (com o apoio do Município de Odemira, da Junta de Freguesia de Santa Clara-a-Velha, do Jornal Costa a Costa e da Rádio Maré Alta).

Notícia

Revisão do Plano de Ordenamento da Ria Formosa

A 2 de Setembro de 2009, foi publicada no Diário da República n.º 170, Série I, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2009, que aprova a revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa.

São publicados em anexo o regulamento e as respectivas plantas de síntese e de condicionantes, fazendo parte integrante da resolução acima mencionada.

“O Plano de Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa, abreviadamente designado por POPNRF, tem a natureza de regulamento administrativo e com ele devem conformar -se os planos municipais e intermunicipais de ordenamento do território, bem como os programas e projetos, de iniciativa pública ou privada, a realizar na área do Parque Natural da Ria Formosa.” (Título I, Art 1º, Natureza Jurídica e âmbito).

“O POPNRF estabelece regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e fixa o regime de gestão do Parque Natural da Ria Formosa com vista a garantir a manutenção e a valorização das características das paisagens naturais e semi–naturais e a biodiversidade da respectiva área de intervenção.” (Título I, Art. 2º, Objectivos).


Resolução do Conselho de Ministros 78/2009 de 2 de Setembro

Observações: O documento apenas vem a comprovar o que já se esperava: em traços gerais é uma ferramenta para afastar o cidadão da ria (proibição de navegação em tudo o que não sejam canais principais e secundários).
A pesca furtiva continuará a ser feita sem controlo e os atentados ao Parque continuarão a processar-se diariamente; a redução da área terrestre continuará a exercer-se inevitavelmente devido à pressão do turismo e continuarão a privilegiar-se determinados indivíduos bem posicionados politicamente.
As áreas de nidificação de andorinhas-do-mar e outras aves poderão talvez ser preservadas, passando-se da anarquia total e ausência de informação (da responsabilidade do ICNB, das autarquias e de alguns detentores de concessões) ao extremo. Será mesmo? A ver vamos...

O futuro não passa pelo afastamento e proibição da presença humana, mas sim pela partilha e pela formação das pessoas (com uma fiscalização eficaz, justa e responsável por detrás).


SF