sábado, 24 de julho de 2010

Ria Formosa: protecção ambiental vs interesses económicos

A Resolução do Conselho de Ministros 78/2009, aprovou a revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa.
Tendo muitos pontos positivos, o referido Plano caracteriza-se também pelo exagero.
Ao invés de educar e exercer uma acção pedagógica sobre os habitantes das cidades próximas do Parque, o ICNB optou por afastar os cidadãos da Ria.
As fontes poluidoras mantêm-se, os atentados diários continuam (por insuficiência de meios) e a dualidade de critérios é uma realidade.
As ilhas barreira possuem um valor incalculável e durante muitos anos resistiram à devastação que ocorreu na costa Algarvia.
Longe de parar, a destruição continua e tudo leva a crer que a Ria Formosa e suas ilhas, não continuarão a resistir por muitos anos mais, à cobiça que espreita na escuridão.


As ilhas barreira, foram e continuam ainda a ser utilizadas como zonas de nidificação de aves migratórias, destacando-se a andorinha-do-mar anã e o pilrito. Por norma, estas aves reproduzem-se no período estival, em zonas concretas, onde abunda alimento.
Conhecedores da existência de várias colónias, o ICNB nunca desencadeou quaisquer medidas que permitissem proteger as aves no período de reprodutivo (delimitação de zonas, avisos e afastamento da presença humana).

Numa das ilhas barreira, existe uma área concessionada na qual o responsável nunca informou os visitantes da presença da colónia. Até aqui nada de novo. Porque teria que avisar? O objectivo primordial é lucrar, esquecendo a protecção, contrariamente ao texto de apresentação da empresa.


Compete ao ICNB identificar a situação e dar-lhe solução. A autorização de atividade, foi por eles concedida e são os responsáveis pela área do Parque. Porque não o fazem? A resposta é clara: dá trabalho informar os utentes e as medidas provavelmente iriam influenciar a atividade do dono da concessão que recebe visitantes influentes. Não convém mesmo nada.
Alheia a tudo isto, a colónia residente (outrora protegida pelo afastamento) sobrevive precariamente, com a sua atividade alterada pelos turistas introduzidos pela empresa em questão: os ovos ou juvenis são pisados por ignorância, resultante do desconhecimento da sua presença no areal.
A situação foi comunicada ao ICNB, ao Parque da Ria Formosa e à Câmara Municipal de Faro. Não houve qualquer resposta...apenas silêncio.
Até à data, nem o ICNB, nem o dono da concessão, informaram os visitantes dos cuidados a ter na preservação daquela área do Parque.


Andorinha-do-mar no ninho (parte central da foto), tendo como fundo o restaurante Estaminé


 Ninho com dois ovos


 

Crias de andorinha-do-mar anã


Nota importante: quando frequentar dunas, afaste-se de pontos frequentados pelas aves, evitando assim importuná-las, causando a mortalidade da ninhada ou abandono dos ovos. Em caso algum deve tocar nos ovos ou nas pequenas aves. Preserve!

SF

sábado, 17 de julho de 2010

A Culatra vai ter um recife artificial



O município de Faro vai levar a cabo a criação de um novo recife artificial a implantar ao largo da Ilha da Culatra. A assinatura do contrato de financiamento deste projeto tem lugar dia 19, integrada nas comemorações do aniversário da ilha.

Com um investimento de 1,2 milhões de euros, cofinanciado em 75% por Fundos Comunitários, o projeto tem como principal objetivo a criação de um recife artificial, através da colocação de 1050 módulos de betão de pequena dimensão, que vão ocupar uma área de cerca de 1 km2.

À semelhança de outros recifes artificiais já implantados com sucesso na costa algarvia, este novo recife vai contribuir para a valorização da faixa litoral frente à ilha, através da proteção de juvenis das espécies de peixes que ciclicamente migram da Ria Formosa para o mar, do aumento da produção biológica local e da promoção da biodiversidade marinha.

“Como resultado é expectável a diminuição dos custos de exploração das unidades de pesca local e o aumento dos seus rendimentos”, refere fonte da Autarquia de Faro em comunicado.

Fonte: Região Sul

A implantação de recifes artificiais ao longo da costa Algarvia, não é um dado novo.
Espanta em particular, os milhões de euros que são gastos para a criação de recifes, para em seguida a precária e insuficiente fiscalização permitirem a pesca à rede ilegal e a caça submarina com escafandro autónomo.

Valerá a pena?


SF