sexta-feira, 28 de agosto de 2009

9º Troféu de pesca grossa cidade de Olhão

Num desporto que fomenta cada vez mais a preservação das espécies e se implementa a captura e devolução, os troféus de big game ou pesca grossa continuam a salientar-se pela negativa.
Competição que se preze, exibe sempre (ao estilo espetáculo deprimente) pelágicos mortos pendurados. Dizem que é o que atrai as pessoas…
Não sou, nem nunca serei, apologista de eventos deste tipo. Muitos pensam como eu. Em vários países do mundo estes peixes são protegidos, sendo absurdo a ostentação/exibição de peixes mortos.
São animais belos; o seu valor em vida é muito superior do que depois de mortos.
Como diz um amigo meu, sendo exemplares com muitos anos e estando no topo da cadeia alimentar, acumulam uma série de metais pesados nos seus tecidos, que não os tornam de modo algum “seguros no prato”.

O Naval de Olhão é e continuará a ser uma instituição que produz fornadas de campeões (nacionais e mundiais). É uma entidade de muito prestígio com méritos mais que reconhecidos. Não precisa de exibições decadentes para se continuar a afirmar no mundo da pesca desportiva.
Quando em competições similares, é feita uma cobertura televisiva extensiva e a mesma exibida para os milhares de adeptos, em Portugal trazem-se troféus mortos para terra, para alimentar egos, eventos ou simplesmente satisfazer os patrocinadores.
Os barcos que matam são sempre os mesmos, assim como os pretextos apresentados: o peixe enrolou-se na linha, combateu muito tempo porque se utilizou uma linha fina para bater um recorde (impossibilitando a sua devolução), etc., etc.
Não deixa de ser curioso o relato alusivo à prova (site da EFSA) afirmando que a filosofia desta entidade é libertar, salvaguardar e preservar e que apenas foram exibidos 2 peixes nos dois dias de pesca…curiosamente, um dos peixes exibidos (espadim-azul) era o maior…alimentava melhor o ego e ficava ainda melhor na foto…

Espadim-azul:
http://www.efsaportugal.pt/images/stories/efsa2009/12.equipa%20jocanana.jpg
Espadim-branco:
http://www.efsaportugal.pt/images/stories/efsa2009/jogui_espadim%20branco.jpg

Numa das minhas deslocações ao Naval, Rui Gomes (ex-campeão do mundo) perguntou-me: “Queres ver o vídeo da captura do Espadim-azul?”
Respondi-lhe: ”O peixe que mataram? Não, obrigado!”
Espero nos próximos anos continuar a ouvir falar de eventos que prestigiem tão nobre entidade (Naval de Olhão), mas sem morte e espetáculos decadentes e deprimentes que só alimentam o ego dos pobres de espírito e nada contribuem para a dignificação da pesca e da preservação dos mares. Assim se deseja.

SF

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Procedimentos para correcto manuseamento de achigãs tendo em vista a sua libertação

Foto: J. Palma

Hoje em dia, o correcto manuseamento dos achigãs, assume uma importância vital para o pescador moderno (competição ou simplesmente pesca desportiva). É importante assegurar que os peixes capturados sobrevivam de forma a manter a espécie nas nossas águas.

Tendo em vista a preservação da espécie, em 2002 a BASS publicou o livro, Keeping Bass Alive, que constituiu uma das obras de mais destaque criadas para o efeito. A primeira versão the KBA descrevia não apenas conselhos e técnicas para manusear/tratar adequadamente os peixes, mas também a ciência por detrás das técnicas. KBA foi recentemente actualizada e condensada, sendo dividida em capítulos descarregáveis. No entanto, a obra original ainda está disponível para os que pretendem informações mais detalhadas, ou que simplesmente têm curiosidade sobre o porquê das medidas sugeridas.

Keeping bass alive

KBA (secções):

Perfuração da bexiga gasosa
Qualidade da água
Pesagem
Remoção do anzol e manuseamento
Gestão do viveiro
10 dicas para manuseamento


Fonte: BASS Conservation

SF

domingo, 9 de agosto de 2009

A minhoca da lama (Nereis diversicolor)


Verme conhecidíssimo e muito utilizado na pesca desportiva, que permite capturar um número muito vasto de espécies de peixes.

Descrição: comprimento até 12 cm; cabeça característica da família; o probóscido quando está evaginado apresenta duas fortes mandíbulas; cor variável desde o avermelhado, laranja e esverdeado; um vaso sanguíneo dorsal e definido percorre todo o dorso.

Habitat: vive em colónias muito numerosas nas zonas lodosas das rias ou estuários.

A captura não envolve qualquer dificuldade pois são vermes muito comuns.

Conservação:

Para um período mais prolongado (7-8 dias)
Arranjam-se 2-3 caixas de cartão canelado, rasgam-se em pedaços e colocam-se dentro de água do mar; posteriormente trituram-se até se obter uma pasta de papel que será recolhida, colocada num pano e espremida para remover a água; as bolas resultantes são então passadas por um ralador para se o obterem pequenos grânulos de cartão (arredondados); estes últimos são finalmente colocados numa caixa de plástico ou madeira; as minhocas serão colocadas na caixa após a captura, espalhando-se ao longo das bolinhas de cartão.

Caixa com grânulos de cartão húmido


Minhocas no cartão


Para um período curto (3 dias):
após a recolha, secam-se cuidadosamente as minhocas em areia muito fina (até que se desprendam muito bem e separem umas das outras). De seguida são acondicionadas por camadas numa caixa comprida de madeira ou plástico contendo a mesma areia muito fina (o número de minhocas que não deve ser excessivo).

Em ambos os casos os vermes são guardados no frigorífico.

A vantagem do último método é de que as minhocas engrossam.

S. Ferreira

sábado, 1 de agosto de 2009

A conquilha (Donax trunculus)


A conquilha é um bivalve que pode ser encontrado na zona sul e em algumas praias da costa Alentejana.

Descrição: concha de até 4 cm de comprimento; linhas de crescimento concêntricas; contorno triangular; valvas semelhantes; ligamento externo; valvas denteadas no bordo ventral interno; sifões separados e curtos. Cor exterior branca, amarelada, esverdeada ou parda e por vezes com tons violeta; normalmente possui raios que contrastam; violeta por dentro, com o bordo branco.

Habitat: escava em fundos arenosos - zonas de marés (areia fina), até águas com alguma profundidade.

Captura: é feita basicamente por arrasto (de barco ou de mão).

Vulnerabilidade: os efetivos mantém-se estáveis, no entanto deve existir sempre uma gestão adequada para evitar excessos.

Utilização: é um bivalve muito utilizado em culinária e muito raramente como isco.


S. Ferreira