quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Chegam ao Algarve os dois últimos linces


 
Com a chegada ao Algarve, no dia 2 de Dezembro, dos machos ‘Éon’ e ‘Calabacin’, ficou concluída a primeira população de linces-ibéricos do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro, na Herdade das Santinhas, em Silves.

Os dois felinos, provenientes de La Olivilla, Espanha, juntam-se assim a ‘Azahar’ (a primeira a  chegar, no dia 26 de Outubro), ‘Daman II’, ‘Erica’, ‘Ébano’, ‘Enebro’, ‘Espiga’, ‘Era’, ‘Fado’, ‘Fresco’, ‘Fresa’, ‘Fauno’, ‘Foco’, ‘Eucalipto’ e ‘Drago’. Ao todo, seis fêmeas e dez machos, que vão reproduzir-se e permitir a reintrodução em Portugal do felino mais ameaçado de extinção do Mundo.
“Este é o mais ibérico dos programas de conservação que temos. Não só estes animais vieram de Espanha como as crias que vierem a ser libertadas em Portugal serão de cá ou do país vizinho, pois estamos a  trabalhar em rede e há uma comissão mista que decide em função da  diversidade genética quais os animais que serão libertados em cada local”, disse ao CM o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, que assistiu à chegada dos dois linces.
Para o governante, trata-se de “uma missão complexa e de grande responsabilidade”, cujo fim é, precisamente, a libertação dos linces na natureza, o que deverá ocorrer “dentro de três anos”, em “pelo menos uma zona”, que poderá ser o Vale do Guadiana, Moura/Barrancos ou a Serra da Malcata.
Nesse sentido, será  feito um trabalho de sensibilização junto da população em geral e, em particular, dos agricultores, caçadores e engenheiros do ambiente.
Também presente na Herdade das Santinhas, a conselheira do Ambiente de Andaluzia, Cinta Castillo, sublinhou o “tremendo êxito do programa de reprodução em cativeiro que tem vindo a ser desenvolvido em Espanha, com crias que deverão ser libertadas muito em breve” e “a satisfação de Portugal ter também o lince vivo, após 30 anos de desaparecimento”.


CENTRO EM SILVES
O Instituto da Conservação da Natureza e a autarquia de Silves vão criar um Centro que permita à população ver os linces.

350 LINCES NO MUNDO
A população total de linces no Mundo está estimada em 350 exemplares.


*Texto extraído do site do Correio da Manhã da autoria de Ana Palma 




quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A esperança renasce

Mais de trinta anos após o desaparecimento do lince em Portugal, o dia 26 de Outubro constitui uma data histórica para a espécie.
Azahar (em árabe flor de laranjeira), uma linda fêmea, deu os seus primeiros passos no Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro para o Lince-Ibérico (CNRCLI), num espaço de 800 m2 para si criados.


                                                                       Origem da Foto: DN
Este exemplar é proveniente de Espanha, mais concretamente da serra Morena (Andaluzia), onde foi capturada em Janeiro de 2006.
"Estava muito magra e tinha uma vértebra fracturada", conta Iñigo Sanchez, conservador do Zoobotânico. Foi tratada e escolhida para recuperar os linces-ibéricos em Portugal. Espera-se que consiga engravidar, pois até agora estava num meio urbano e stressante que se pensa que impediu a procriação. Azahar percorreu mais de 350 quilómetros desde o Zoobotânico de Jerez de La Frontera (Espanha) até ao centro, localizado junto à barragem de Odelouca (Concelho de Silves). O percurso foi efectuado lentamente para evitar assustar o animal, tendo direito a batedores da polícia.
Todos os pormenores foram meticulosamente tidos em conta. Maria José Coca, a sua tratadora, muito dificilmente conseguiu conter as lágrimas no momento da partida.
O CNRCI está localizado em plena serra algarvia, longe dos olhares indiscretos.
Azahar vai ser monitorizada a tempo inteiro por câmaras de vídeo, com o mínimo contacto possível com os seus tratadores. Vai esperar por dez machos e seis fêmeas que chegarão até dia 1 de Dezembro.
O presidente do ICNB esclareceu que trabalham há dez anos a criar habitats e coelhos-bravos, para que estejam reunidas as condições para o regresso da espécie a Portugal.
Em Espanha, conseguiram-se obter cerca de 50 crias em cativeiro, desde que se deu início a um projecto semelhante. Espera-se que em Portugal o sucesso seja idêntico.
"No futuro, a área de introdução vai desde a Beira Alta até ao Algarve", explicou Rodrigo Serra, director do CNRCLI. Dependendo da adaptação e das condições naturais, espera-se que dentro de dois a três anos os linces estejam reintegrados no meio natural. Só nessa altura será possível ver o lince-ibérico, porque até lá não há visitas.

Para o sucesso deste projecto serão vitais as seguintes medidas:
-introdução massiva de coelhos-bravos (alimento preferencial do lince);
-preservação de habitats através de medidas duras e eficazes;
-formação adequada de todos os habitantes do interior, explicando o porquê da necessidade deste felino na natureza;
-monitorização dos exemplares introduzidos posteriormente na natureza;
-implementação de penas pesadíssimas a todos os que de modo voluntário desencadeiem acções que ponham em causa a integridade de exemplares da espécie (é sobejamente conhecida por todos a atitude da maioria dos caçadores portugueses);
- prémios e ou benefícios muito significativos para todos os gestores de coutos/zonas de caça que fomentem a preservação da espécie, nas suas áreas;
-definição de medidas que permitam diminuír ou mesmo eliminar os riscos de morte por atropelamento (principal causa de morte);
-promoção da espécie junto dos mais jovens (nas escolas), pois estes desempenharão um importante papel no futuro.


As ameaças que pairam sobre o sucesso da reabilitação deste felino são muitas e a tarefa do ICNB/CNRCI, é deveras difícil.



                                                                          O rosto da esperança

Todas as medidas que possam ser decisivas para o regresso do lince a Portugal, contam incondicionalmente com a minha admiração e o meu apoio. A todos os intervenientes, desejo as maiores felicidades e êxito, pois nas suas mãos reside o futuro da espécie em Portugal e no mundo.
Um bem hajam!

S. Ferreira

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Polis Litoral Ria Formosa

Polis litoral ria formosa O Polis Litoral Ria Formosa é a primeira operação integrada de requalificação e valorização da orla costeira a entrar em fase de concretização. Neste âmbito foi constituída, pelo Decreto-Lei n.º 92/2008, de 3 de Junho, a Sociedade Polis Litoral Ria Formosa S.A. - Sociedade para a Requalificação e Valorização da Ria Formosa.

É uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, com a participação maioritária do Estado e minoritária dos municípios de Loulé, Faro, Olhão e Tavira. Tem por objecto a gestão, coordenação e execução do investimento a realizar na Ria Formosa, com vista à realização das operações previstas no Plano Estratégico e à prossecução dos seus fins.

O Plano Estratégico está elaborado, tendo por base o quadro estratégico da intervenção elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado por Despacho nº.18 250/2006, de 3 de Agosto, pelo Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional e aprovado pela Assembleia Geral da Sociedade e pelo município de Vila Real de Santo António.

As actividades desta entidade prosseguem os seguintes eixos estratégicos:

- Preservar o património natural e paisagístico, através da protecção e requalificação da zona costeira visando a prevenção de risco e da promoção da conservação da natureza e biodiversidade no âmbito de uma gestão sustentável;

- Qualificar a interface ribeirinha, através da requalificação e revitalização das frentes de ria, da valorização de núcleos piscatórios e do ordenamento e qualificação da mobilidade;

- Valorizar os recursos como factor de competitividade, através da valorização das actividades económicas ligadas aos recursos da ria suportada no seu património ambiental e cultural.

A Polis Litoral Ria Formosa propõe-se à realização de projectos e acções que conduzam ao desenvolvimento associado à preservação do património natural e paisagístico, que incluam acções de protecção e requalificação da zona costeira visando a prevenção de risco, a promoção da conservação da natureza e biodiversidade no âmbito de uma gestão sustentável, a valorização dos núcleos piscatórios e a qualificação e ordenamento da mobilidade na ria, a valorização dos “espaços” ria para fruição pública e a promoção do património natural e cultural a ela associado.

Para a área da Ria Formosa perspectiva-se uma intervenção em 48 km de frente costeira e em 57 km de frente lagunar nos Municípios de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, incluindo a área protegida do Parque Natural da Ria Formosa.

Para o acompanhamento dos projectos são criadas comissões específicas, cuja composição deve traduzir a natureza dos interesses a salvaguardar em cada um dos espaços referidos. As áreas a reestruturar incidem nas ilhas da Culatra e da Armona, para as quais foram designadas quatro comissões para acompanhar os Projectos de Intervenção e Requalificação, em despacho de 24 de Outubro de 2008, pelo ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, Francisco Nunes Correia.

As comissões são compostas por um representante de cada uma das seguintes entidades:

A) Plano de Pormenor da Praia de Faro:
  1. Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, S.A., que preside;
  2. Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
  3. Administração da Região Hidrográfica do Algarve;
  4. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve;
  5. Câmara Municipal de Faro;
  6. Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos;
  7. Capitania do Porto de Faro;
  8. APRAFA – Associação para a Defesa e Desenvolvimento da Praia;
  9. Associação DUNAMAR;
B) Projecto de Intervenção e Requalificação - Culatra:
  1. Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, S.A., que preside;
  2. Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
  3. Administração da Região Hidrográfica do Algarve;
  4. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve;
  5. Câmara Municipal de Faro;
  6. Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos;
  7. Capitania do Porto de Olhão;
  8. Associação dos Moradores da Ilha da Culatra;
C) Projecto de Intervenção e Requalificação – Armona:
  1. Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, S.A., que preside;
  2. Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
  3. Administração da Região Hidrográfica do Algarve;
  4. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve;
  5. Câmara Municipal de Olhão;
  6. Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos;
  7. Capitania do Porto de Olhão;
  8. LAIA - Liga dos Amigos da Ilha da Armona
D) Projecto de Intervenção e Requalificação – Ilhotes – Ramalhete, Cobra, Coco, Altura,
S. Lourenço e Deserta:
  1. Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, S.A., que preside;
  2. Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
  3. Administração da Região Hidrográfica do Algarve;
  4. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve;
  5. Câmara Municipal de Olhão;
  6. Câmara Municipal de Faro;
  7. Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos;
  8. Capitania do Porto de Olhão;
  9. Capitania do Porto de Faro.
E) Projecto de Intervenção e Requalificação – Península do Ancão (nascente e poente):
  1. Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, S.A., que preside;
  2. Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
  3. Administração da Região Hidrográfica do Algarve;
  4. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve;
  5. Câmara Municipal de Faro;
  6. Câmara Municipal de Loulé;
  7. Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos;
  8. Capitania do Porto de Faro;
  9. APRAFA - Associação para a Defesa e Desenvolvimento da Praia de Faro;
  10. Associação DUNAMAR.
F) Projecto de Intervenção e Requalificação – núcleo dos Hangares:
  1. Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, S.A., que preside;
  2. Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
  3. Administração da Região Hidrográfica do Algarve;
  4. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve;
  5. Câmara Municipal de Faro;
  6. Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos;
  7. Capitania do Porto de Olhão;
  8. Associação de moradores do núcleo dos Hangares.
G) Projecto de Intervenção e Requalificação – núcleo da Fuseta:
  1. Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, S.A., que preside;
  2. Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
  3. Administração da Região Hidrográfica do Algarve;
  4. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve;
  5. Câmara Municipal de Olhão;
  6. Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos;
  7. Capitania do Porto de Olhão;
  8. Associação de moradores do núcleo da Ilha da Fuseta
G) Projecto de Intervenção e Requalificação – núcleo da Fuseta:
  1. Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, S.A., que preside;
  2. Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
  3. Administração da Região Hidrográfica do Algarve;
  4. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve;
  5. Câmara Municipal de Olhão;
  6. Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos;
  7. Capitania do Porto de Olhão;
  8. Associação de moradores do núcleo da Ilha da Fuseta
H) Projecto de Intervenção e Requalificação – núcleo do Farol:
  1. Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, S.A., que preside;
  2. Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
  3. Administração da Região Hidrográfica do Algarve;
  4. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve;
  5. Câmara Municipal de Faro;
  6. Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos;
  7. Capitania do Porto de Olhão;
  8. Associação da Ilha do Farol de Santa Maria.
Para consultar a fonte de origem e obter mais informações: www.polislitoralriaformosa.pt/

SF

domingo, 4 de outubro de 2009

O choco - Sepia officinalis




João Cruz

O choco é um dos moluscos cefalópodes mais conhecidos da costa Portuguesa.
É uma espécie comum em fundos arenosos ou mistos.
Para caçar as suas presas (pequenos peixes e crustáceos) camufla-se no fundo marinho, projetando dois tentáculos modificados (mais longos) para as capturar. Em seguida leva a presa até si, cortando-a com o bico e injetando em simultâneo uma toxina paralisante.
Possuem um grande apetite.
Na época de reprodução (Março-Maio) os machos perseguem as fêmeas, exibindo um padrão tigrado inconfundível. Os ovos (cachos pretos) são fixados em algas e vegetação submersa.

SF

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Como segurar achigãs de porte

É comum ver fotos de achigãs. Mais comum ainda, é ver fotos nas quais os animais são mal manuseados, podendo o ato conduzir a graves lesões que limitarão a sua atividade futura, podendo mesmo conduzir à morte.
Para todos os que não matam, não vendem achigãs (infelizmente poucos, no triste panorama nacional) e se preocupam com o futuro deste magnífico peixe nas nossas águas, aqui fica a metodologia a seguir (molhar sempre as mãos):

Copyright: © Texas Parks and Wildlife Department

SF

sábado, 12 de setembro de 2009

Epinephelus marginatus - Mero


(Foto de Vitor Lopes)

Epinephelus marginatus
é um peixe da família Serranidae que habita as águas do mediterrâneo e algumas zonas do oceano Atlântico. É uma espécie de peixe que habita zonas rochosas. Costumam também ser encontrados próximos de naufrágios e pilares de estruturas.
Espécie muito vulnerável à pesca, pois possui taxas de crescimento lento; atinge grandes tamanhos, agregando-se para a reprodução; maturam sexualmente tardiamente e são territoriais.

O formato é arredondado e chega a ultrapassar dois metros de comprimento. Apesar de sua imponência, permite que as mãos humanas passeiem por sua pele escamosa.

Principais características:
• Vive até 100m de profundidade.
• Pode viver 40 anos.
• Atinge mais de 2m de comprimento.
• Começam a reproduzir-se com 1,1 a 1,2 metros de comprimento e com 4 a 7 anos de idade.
• Agregam-se perto da foz de grandes rios em épocas e locais conhecidos com a finalidade de encontrarem parceiros para a reproduzir.
O mero é hermafrodita; nasce fémea e torna-se macho em média a partir dos 10kg de peso.
• Gostam muito de comer lagostas.

Os juvenis estão presentes mais junto à costa. Os estudos sobre estes peixes são escassos. Porém, já é verificado em outras regiões estudadas (ex.: Golfo do México) que a biologia da destes animais possui características que tornam a população altamente susceptível a sobre pesca, conduzindo a uma diminuição rápida dos seus efetivos. Cerca de um quarto dos pontos de agregação conhecidos foram totalmente eliminados.
Em Portugal são capturados a caça submarina ou na pesca desportiva, estando em alguns pontos protegidos.
É uma espécie que encanta mergulhadores, dos iniciados aos mais experientes.
Actualmente encontra-se em regressão a nível mundial. A causa mais provável dos drásticos declínios é a pressão forte da pesca em agregados reprodutivos. Quando um grande número de peixes normalmente dispersos, são concentrados em áreas e em horas previsíveis, são altamente vulneráveis. Sua taxa de crescimento lenta, vida longa, e grande tamanho de maturação sexual fazem desta espécie muito vulnerável, diminuindo a variabilidade genética.
O mero vem recebendo atenção de pesquisadores em todo o oceano Atlântico em função de seu status de conservação, classificado como criticamente ameaçado (IUCN, 2006).

Ameaças
A maior ameaça ao mero é provavelmente o homem, desde que é um peixe excelente como alimento, sua carne é deliciosa e branca. São também peixes fáceis de pescar, utilizando-se de uma variedade de artefactos.
Na pesca à linha, a subida do peixe provoca alterações na bexiga gasosa, tornando muito complicada a sua devolução. O método porém existe e é praticado no Brasil com sucesso.
Os meros são peixes que vivem cerca de 40 anos, crescem devagar e demoram a iniciar atividade reprodutiva. Quando se retira um animal tão grande do mar, o papel que este peixe representava no ambiente vai demorar para ser novamente exercido por outro peixe. Outro problema reside no facto dos meros se agregarem, isto é, reunirem-se em datas e locais conhecidos pelos pescadores. Quando estão juntos tornam-se ainda mais vulneráveis.
Não há muitas informações sobre seus predadores naturais, porém os tubarões atacam juvenis em zonas costeiras. Outros serranídeos, barracudas e moreias alimentam-se provavelmente de juvenis (Sadovy et al., 1999). Entretanto, uma vez alcançado a maturidade, poucos predadores podem se alimentar devido seu tamanho e natureza discreta (GMFMC, 2001)

Biologia
Membro da família Serranidae é o maior dos representantes no Atlântico podendo chegar ao peso máximo de aproximadamente 455 kg e são marcados visivelmente por seus cabeça lisa e larga, espinhos dorsais curtos, olhos pequenos e dentes caninos. Sua cor varia de marrom amarelado à azeitona, com os pontos escuros pequenos na cabeça, no corpo e nas barbatanas.
Os machos tendem a mudar a cor ao cortejar. Quanto mais peixes estiverem reunidos, mais intensas são as interações entre os indivíduos (Sadovy et al., 1999). Os meros são predadores situados em níveis superiores da cadeia trófica, alimentam-se principalmente de crustáceos, lagostas e caranguejos (GMFMC, 2001). Juvenis alimentam-se de camarões, caranguejos e bagres marinhos. Partes de polvos, tartarugas e outros peixes também foram encontrados (Sadovy et al., 1999). Notavelmente, adultos podem viver aproximadamente 30 anos de idade (26 para machos, 37 para fêmeas). Se a população fosse deixada intacta, poderiam viver acima de quarenta anos de idade (NOAA NMFS, 2001).
O maior problema enfrentado pelo mero é a falta de dados exatos inerentes à biologia da espécie.

Curiosidades
• Diminuição do tamanho médio da população sentida já em 1970.
• A pesca submarina representa a principal causa no declínio dos meros no Golfo do México. Em Portugal, ainda não temos informações suficientes que venham reforçar esta situação para nosso litoral pois trata-se de uma espécie pouco estudada.
• No Golfo do México encontra-se extinto como recurso pesqueiro.
• Padrões simples de gestão não foram suficientes para conter o declínio no Golfo do México.
• Em águas federais do EUA, no caso de captura acidental, devem ser imediatamente liberados.


Meros no mundo
O Mero é encontrado no Mediterrâneo e no Oceano Atlântico. Geralmente estão distribuídos em águas tropicais, mornas-quentes-temperadas, perto de naufrágios, rochas submersas, recifes de corais e outros substratos duros. O mero também é encontrado próximo às Bermudas (embora raro), no Pacífico oriental do golfo da Califórnia ao Peru (chegando provavelmente através do canal de Panamá), no Atlântico oriental de Senegal ao Congo (também raros). Uma vez abundantes em torno das costas da Flórida e partes do golfo do México, hoje são vistos raramente (Sadovy et al., 1999). Existe um consenso em que o mero foi sempre prolifico também fora de ambas as costas da Flórida, onde cientistas descobriram otólitos em comunidades pesqueiras pré-históricas (Sadovy et al., 1999). O Mero aprecia abrigos: furos, cavernas, recifes e naufrágios. São encontrados principalmente em águas rasas, baías e estuários nos Everglades, Baía da Flórida e Florida Keys. Juvenis procuram abrigos em zonas costeiras, enquanto adultos em torno de naufrágios mais afastados da costa. Grupos de juvenis as vezes formam cardumes em torno de naufrágios e recifes em profundidades de aproximadamente 45m, mas a maioria são encontrados em torno dos habitats rasos inshore.
No golfo de México, o acasalamento atinge o pico entre julho e setembro (Sadovy et al., 1999). Agregam-se em locais específicos em números de até 100 indivíduos.
Uma vez comum em águas fora da Florida e do Golfo do México há trinta anos, nenhum agregado foi observado fora da costa do leste da Florida nos últimos 25 anos. Agregados de até 150 peixes caíram a aproximadamente 10 em 1989 na parte oriental do Golfo do México. Entre 1979 e 1994 não houve nenhuma observação visual da espécie no parque nacional de Biscayne, Florida à Dry Tortugas e Florida Keys (Sadovy et al., 1999).
Na Flórida, o Mero está sendo monitorizado há alguns anos por investigadores.
Desde 1994, estudos em populações de meros no Golfo do México têm conduzido à observações de agregados reprodutivos de meros com aproximadamente 50 indivíduos a cada verão. Os cientistas têm trabalhado desde 1997 recolhendo dados de abundância de juvenis e de adultos, distribuição, idade, crescimento e uso do habitat, marcando e recapturando Meros. Estes estudos visam compreender padrões sazonais de migração e revelar informações sobre a utilização do habitat (NMFS/SEFSC).

Em Portugal
O mero tem uma distribuição geográfica no nosso país desde o algarve, até à zona de Peniche (Berlengas)
A maior população encontra-se na costa alentejana, desde o norte da zona de Sines até a zona do cabo Sardão (constitui também presença regular na costa vicentina).
Vive em média até aos 200 metros, podendo ser encontrado a partir dos 15/20 metros. Gosta de fundos bastante acidentados que usa como trunfo para as emboscadas aos seus alimentos favoritos: pequenos peixes, polvos e chocos.
Costuma ser capturado à linha utilizando a técnica de jigging. Se as condições o permitirem, deve ser imperativamente devolvido.
Na pesca profissional, são utilizadas as mesmas técnicas da pesca à corvina com isco vivo, utilizando principalmente o choco e a lula.
Na caça submarina deve-se evitar arpoar estes peixes.

Neste momento, a captura de meros em pesca submarina está proibida no continente e ilhas... um absurdo, pois todos os anos são capturadas 100 000 toneladas de meros a nível continental e insular, através da pesca profissional.
O seu crescimento é em média de um quilo por ano. Pode viver até 40/50 anos, atingindo 40/50 kg de peso... havendo registo de um mero pescado à linha em Sagres durante a década de 90, que pesou 51kg de peso.



Parte do texto retirado do site Meros do Brasil.

SF

sábado, 5 de setembro de 2009

Lunkercam

Observação on-line de achigãs de boca grande da Flórida no seu habitat natural (por Glen Lau, autor de "Bigmouth Forever").

Lunkercam

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

1º Festival do achigã em Odemira

O empobrecimento dos stocks de achigã nacionais é uma realidade.
A falta de gestão adequada e responsável, associada à delapidação levada a cabo por pescadores lúdicos e de competição (para pagar os seus luxuosos barcos, etc.), estão a dizimar a espécie em águas nacionais.
Para cúmulo, sucedem-se eventos locais (autênticos tesouros deprimentes) dignos de um país do terceiro Mundo.
Odemira é um concelho magnífico e com muitos pontos fortes. A valorização da conhecida espécie de Santa Clara, devia ser feita através de atividades que tivessem em vista a sua preservação e não o contrário.
Com uma gestão cuidada, as águas de Santa Clara poderiam ser um exemplo a nível Nacional e trazer milhares de pescadores e turistas para o concelho, desenvolvendo o turismo local como nunca. Já este evento, é degradante e um passo para trás no tempo.
Aqui fica o meu repúdio para com as entidades envolvidas: Comissão Fabriqueira da Igreja de Santa Clara-a-Velha (com o apoio do Município de Odemira, da Junta de Freguesia de Santa Clara-a-Velha, do Jornal Costa a Costa e da Rádio Maré Alta).

Notícia

Revisão do Plano de Ordenamento da Ria Formosa

A 2 de Setembro de 2009, foi publicada no Diário da República n.º 170, Série I, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2009, que aprova a revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa.

São publicados em anexo o regulamento e as respectivas plantas de síntese e de condicionantes, fazendo parte integrante da resolução acima mencionada.

“O Plano de Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa, abreviadamente designado por POPNRF, tem a natureza de regulamento administrativo e com ele devem conformar -se os planos municipais e intermunicipais de ordenamento do território, bem como os programas e projetos, de iniciativa pública ou privada, a realizar na área do Parque Natural da Ria Formosa.” (Título I, Art 1º, Natureza Jurídica e âmbito).

“O POPNRF estabelece regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e fixa o regime de gestão do Parque Natural da Ria Formosa com vista a garantir a manutenção e a valorização das características das paisagens naturais e semi–naturais e a biodiversidade da respectiva área de intervenção.” (Título I, Art. 2º, Objectivos).


Resolução do Conselho de Ministros 78/2009 de 2 de Setembro

Observações: O documento apenas vem a comprovar o que já se esperava: em traços gerais é uma ferramenta para afastar o cidadão da ria (proibição de navegação em tudo o que não sejam canais principais e secundários).
A pesca furtiva continuará a ser feita sem controlo e os atentados ao Parque continuarão a processar-se diariamente; a redução da área terrestre continuará a exercer-se inevitavelmente devido à pressão do turismo e continuarão a privilegiar-se determinados indivíduos bem posicionados politicamente.
As áreas de nidificação de andorinhas-do-mar e outras aves poderão talvez ser preservadas, passando-se da anarquia total e ausência de informação (da responsabilidade do ICNB, das autarquias e de alguns detentores de concessões) ao extremo. Será mesmo? A ver vamos...

O futuro não passa pelo afastamento e proibição da presença humana, mas sim pela partilha e pela formação das pessoas (com uma fiscalização eficaz, justa e responsável por detrás).


SF

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

9º Troféu de pesca grossa cidade de Olhão

Num desporto que fomenta cada vez mais a preservação das espécies e se implementa a captura e devolução, os troféus de big game ou pesca grossa continuam a salientar-se pela negativa.
Competição que se preze, exibe sempre (ao estilo espetáculo deprimente) pelágicos mortos pendurados. Dizem que é o que atrai as pessoas…
Não sou, nem nunca serei, apologista de eventos deste tipo. Muitos pensam como eu. Em vários países do mundo estes peixes são protegidos, sendo absurdo a ostentação/exibição de peixes mortos.
São animais belos; o seu valor em vida é muito superior do que depois de mortos.
Como diz um amigo meu, sendo exemplares com muitos anos e estando no topo da cadeia alimentar, acumulam uma série de metais pesados nos seus tecidos, que não os tornam de modo algum “seguros no prato”.

O Naval de Olhão é e continuará a ser uma instituição que produz fornadas de campeões (nacionais e mundiais). É uma entidade de muito prestígio com méritos mais que reconhecidos. Não precisa de exibições decadentes para se continuar a afirmar no mundo da pesca desportiva.
Quando em competições similares, é feita uma cobertura televisiva extensiva e a mesma exibida para os milhares de adeptos, em Portugal trazem-se troféus mortos para terra, para alimentar egos, eventos ou simplesmente satisfazer os patrocinadores.
Os barcos que matam são sempre os mesmos, assim como os pretextos apresentados: o peixe enrolou-se na linha, combateu muito tempo porque se utilizou uma linha fina para bater um recorde (impossibilitando a sua devolução), etc., etc.
Não deixa de ser curioso o relato alusivo à prova (site da EFSA) afirmando que a filosofia desta entidade é libertar, salvaguardar e preservar e que apenas foram exibidos 2 peixes nos dois dias de pesca…curiosamente, um dos peixes exibidos (espadim-azul) era o maior…alimentava melhor o ego e ficava ainda melhor na foto…

Espadim-azul:
http://www.efsaportugal.pt/images/stories/efsa2009/12.equipa%20jocanana.jpg
Espadim-branco:
http://www.efsaportugal.pt/images/stories/efsa2009/jogui_espadim%20branco.jpg

Numa das minhas deslocações ao Naval, Rui Gomes (ex-campeão do mundo) perguntou-me: “Queres ver o vídeo da captura do Espadim-azul?”
Respondi-lhe: ”O peixe que mataram? Não, obrigado!”
Espero nos próximos anos continuar a ouvir falar de eventos que prestigiem tão nobre entidade (Naval de Olhão), mas sem morte e espetáculos decadentes e deprimentes que só alimentam o ego dos pobres de espírito e nada contribuem para a dignificação da pesca e da preservação dos mares. Assim se deseja.

SF

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Procedimentos para correcto manuseamento de achigãs tendo em vista a sua libertação

Foto: J. Palma

Hoje em dia, o correcto manuseamento dos achigãs, assume uma importância vital para o pescador moderno (competição ou simplesmente pesca desportiva). É importante assegurar que os peixes capturados sobrevivam de forma a manter a espécie nas nossas águas.

Tendo em vista a preservação da espécie, em 2002 a BASS publicou o livro, Keeping Bass Alive, que constituiu uma das obras de mais destaque criadas para o efeito. A primeira versão the KBA descrevia não apenas conselhos e técnicas para manusear/tratar adequadamente os peixes, mas também a ciência por detrás das técnicas. KBA foi recentemente actualizada e condensada, sendo dividida em capítulos descarregáveis. No entanto, a obra original ainda está disponível para os que pretendem informações mais detalhadas, ou que simplesmente têm curiosidade sobre o porquê das medidas sugeridas.

Keeping bass alive

KBA (secções):

Perfuração da bexiga gasosa
Qualidade da água
Pesagem
Remoção do anzol e manuseamento
Gestão do viveiro
10 dicas para manuseamento


Fonte: BASS Conservation

SF

domingo, 9 de agosto de 2009

A minhoca da lama (Nereis diversicolor)


Verme conhecidíssimo e muito utilizado na pesca desportiva, que permite capturar um número muito vasto de espécies de peixes.

Descrição: comprimento até 12 cm; cabeça característica da família; o probóscido quando está evaginado apresenta duas fortes mandíbulas; cor variável desde o avermelhado, laranja e esverdeado; um vaso sanguíneo dorsal e definido percorre todo o dorso.

Habitat: vive em colónias muito numerosas nas zonas lodosas das rias ou estuários.

A captura não envolve qualquer dificuldade pois são vermes muito comuns.

Conservação:

Para um período mais prolongado (7-8 dias)
Arranjam-se 2-3 caixas de cartão canelado, rasgam-se em pedaços e colocam-se dentro de água do mar; posteriormente trituram-se até se obter uma pasta de papel que será recolhida, colocada num pano e espremida para remover a água; as bolas resultantes são então passadas por um ralador para se o obterem pequenos grânulos de cartão (arredondados); estes últimos são finalmente colocados numa caixa de plástico ou madeira; as minhocas serão colocadas na caixa após a captura, espalhando-se ao longo das bolinhas de cartão.

Caixa com grânulos de cartão húmido


Minhocas no cartão


Para um período curto (3 dias):
após a recolha, secam-se cuidadosamente as minhocas em areia muito fina (até que se desprendam muito bem e separem umas das outras). De seguida são acondicionadas por camadas numa caixa comprida de madeira ou plástico contendo a mesma areia muito fina (o número de minhocas que não deve ser excessivo).

Em ambos os casos os vermes são guardados no frigorífico.

A vantagem do último método é de que as minhocas engrossam.

S. Ferreira

sábado, 1 de agosto de 2009

A conquilha (Donax trunculus)


A conquilha é um bivalve que pode ser encontrado na zona sul e em algumas praias da costa Alentejana.

Descrição: concha de até 4 cm de comprimento; linhas de crescimento concêntricas; contorno triangular; valvas semelhantes; ligamento externo; valvas denteadas no bordo ventral interno; sifões separados e curtos. Cor exterior branca, amarelada, esverdeada ou parda e por vezes com tons violeta; normalmente possui raios que contrastam; violeta por dentro, com o bordo branco.

Habitat: escava em fundos arenosos - zonas de marés (areia fina), até águas com alguma profundidade.

Captura: é feita basicamente por arrasto (de barco ou de mão).

Vulnerabilidade: os efetivos mantém-se estáveis, no entanto deve existir sempre uma gestão adequada para evitar excessos.

Utilização: é um bivalve muito utilizado em culinária e muito raramente como isco.


S. Ferreira

sábado, 25 de julho de 2009

Solen marginatus


Solen marginatus ou lingueirão

Descrição: concha larga e estreita, até 125 mm de comprimento, fina; extremidades superior e inferior praticamente paralelas; valvas iguais; ligamento escuro externo; concha com uma tonalidade amarela pálida por fora.

Habitat: escava nas zonas arenosas em águas superficiais, ocorrendo na Ria Formosa.

Estado da espécie: outrora muito abundante, o aumento dos volumes de captura conduziu ao seu decréscimo. De salientar o grande impacto que teve e continua a ter, a captura em apneia ou com garrafas de ar comprimido.

Utilização: bivalve muito utilizado em gastronomia, sendo componente principal de alguns pratos típicos da Ria Formosa (arroz de lingueirão, etc.); na pesca à linha possui um campo de aplicação muito vasto, sendo utilizado em várias técnicas e variedade de fundos.




S. Ferreira

domingo, 12 de julho de 2009

sábado, 23 de maio de 2009

Robalo (catch and release)


J. Palma

Material:
Cana - Bionic Blade 6.6''
Carreto - Abu Garcia, Embassadeur
Amostra - caterpillar craw (camouflage)






sexta-feira, 15 de maio de 2009

Dentex gibbosus


Pargo capatão: A. Estrela em foto cedida por M. Bica


O Dentex gibbosus é uma espécie de pargo que habita a costa Portuguesa.

É vulgarmente conhecido como pargo capatão e caracteriza-se por um alto volumoso e proeminente na cabeça e por apresentar uma coloração avermelhada.
Habitat: fundos rochosos ou mistos estando quase sempre associado a barcos naufragados ou a grandes formações no relevo submarino. Ocorre no Atlântico Este desde Portugal a Angola; também presente no Mediterrâneo, Canárias e nas ilhas de S. Tomé e Príncipe

Alimentação: É uma espécie predadora que se alimenta de crustáceos, moluscos cefalópodes, peixes do género diplodus e afins, cavalas, sardinhas e outras espécies ao longo da coluna de água.

Características: É um peixe muito forte e potente sendo considerado um troféu na pesca desportiva.
Pode ser capturado de várias formas, sendo a mais corrente a utilização de iscas vivas.
A utilização de iscas artificiais é no entanto muito mais desportiva e de superior beleza.


S. Ferreira

terça-feira, 5 de maio de 2009

Alterações à lei da pesca - Portaria 458-A/2009

Portaria nº458-A/2009, que altera a Portaria n.º 143/2009, de 5 de Fevereiro, que define os condicionalismos específicos ao exercício da pesca lúdica no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), e a Portaria n.º 144/2009, de 5 de Fevereiro, que define as áreas e condicionalismos ao exercício da pesca lúdica, incluindo a apanha lúdica, em águas oceânicas da subárea da zona económica exclusiva do continente, águas interiores marítimas e águas interiores não marítimas sob jurisdição da autonomia marítima, e revoga a Portaria n.º 868/2006, de 29 de Agosto.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Faro aposta em Polis Ria Formosa

A capital algarvia vai ganhar, em cinco anos, "uma nova imagem" virada para a Ria Formosa depois de concretizado o novo programa "Polis", anunciou o presidente da câmara, José Apolinário.

Doze milhões de euros é quanto a cidade de Faro vai poder investir caso seja aprovado o Programa Polis Litoral Ria Formosa, dirigido e coordenado pela Parque Expo.

Com o lema "Faro - Viver Ria", José Apolinário (PS) apresentou hoje, em conferência de imprensa, o novo "Programa Polis Litoral Ria Formosa" com um prazo de execução até 2012.

O programa, que se estima terá um "budget" total de 87 milhões de euros, será fruto de uma parceria com o Estado e mais três municípios algarvios: Loulé, Olhão e Tavira. Faro será a autarquia com a maior fatia do capital social, com 14 por cento, seguida de Olhão com 11 por cento, Tavira com 7 por cento e Loulé com 3 por cento. Vila Real de Santo António deverá entrar também, com uma participação minoritária.

O autarca acredita que, em cinco anos, os farenses vão ver requalificado o Parque Ribeirinho (investimento de 3.500 milhões de euros), o acesso à Praia de Faro (3.420 milhões de euros) e o Parque Ludo/Pontal (1.300 milhões de euros), que fará a ligação de Faro à Quinta do Lago.

A construção de uma marina de nível internacional, o realojamento dos moradores do bairro degradado da Horta da Areia para a Urbanização dos Braciais, recuperação da zona lacustre e de moinhos de maré e criação de zonas de lazer e turismo são outros exemplos da mudança da frente ribeirinha em Faro.

No concelho de Faro, o programa foi aprovado em Janeiro por maioria contudo o autarca farense deixou claro que o programa "Polis" não vai agravar o endividamento do município por ser um investimento com fundos comunitários.

Segundo José Apolinário, o programa "foi uma proposta do Governo e que a câmara não teria oportunidade de fazer sem o Fundo de Coesão (aplica-se aos Estados-membros cujo produto nacional bruto por habitante é inferior a 90 por cento da média comunitária) e o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

Apesar de classificar de "Muro de Berlim" a linha férrea que separa a cidade da Ria Formosa, o autarca José Apolinário defende que "Faro não pode ficar de braços caídos" e tem de "ser pró-activo", porque há mecanismos de arquitectura para contornar a linha ferroviária. "Desejo que um dia seja possível retirar a linha da REFER, mas tal não é possível entre 2007-2013, porque o Estado optou por não concentrar verbas no curto prazo", afirmou Apolinário.

Com o recente acordo que a Câmara de Faro realizou com o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM) vai ser também possível ainda antes do Verão ter um novo cais das Portas do Mar, cujo custo está avaliado em 125 mil euros, requalificar a Doca actual e construir uma doca de recreio exterior.

A construção de um edifício com silo automóvel (parque de estacionamento em altura) e auditório junto da Ria Formosa e perto do Hotel Eva é outro projecto para a frente ribeirinha cujo concurso está a ser preparado.

Os restantes três municípios - Loulé, Olhão e Tavira - têm de aprovar a posição do Programa Polis Litoral Ria Formosa" até à próxima semana, para depois as Assembleias Municipais se pronunciarem até ao início de Março, para depois ser estabelecido o contrato com o Governo.


Fonte: Observatório do Algarve

Polis Litoral Ria Formosa

Nome do Projecto Polis Litoral Ria Formosa
Clientes Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, S.A.
Área de Intervenção 19 245 hectares
Valor global 87,5 milhões de euros
Data Inicial 2008
Data Final 2012
Tipo de projecto Operação integrada de requalificação e valorização da orla costeira
Fase de projecto Gestão de Projectos
Localização Ria Formosa

Tipo de Intervenção

Contrato de mandato para a gestão e coordenação de todas as actividades necessárias ao desenvolvimento da intervenção, designadamente:

  • estudos de caracterização
  • planos de pormenor
  • projectos técnicos
  • empreitadas de construção
  • disponibilização de terrenos (aquisição / expropriação)
  • comunicação e sensibilização ambiental
  • gestão administrativa e financeira da sociedade veículo.

objectivos

O Programa Polis Litoral pretende dar resposta, simultaneamente, aos seguintes objectivos:

  • Proteger e requalificar a zona costeira, tendo em vista a defesa da costa, a promoção da conservação da natureza e biodiversidade, a renaturalização e a reestruturação de zonas lagunares e a preservação do património natural e paisagístico, no âmbito de uma gestão sustentável;
  • Prevenir e defender pessoas, bens e sistemas de riscos naturais;
  • Promover a fruição pública do litoral, suportada na requalificação dos espaços balneares e do património ambiental e cultural;
  • Potenciar os recursos ambientais como factor de competitividade, através da valorização das actividades económicas ligadas aos recursos do litoral e associando-as à preservação dos recursos naturais.

Descrição

A intervenção Polis Litoral Ria Formosa visa, essencialmente:

A estratégia de intervenção definida para esta zona costeira assenta na afirmação “Ria Formosa — zona costeira singular — referencial de sustentabilidade” e consubstancia-se em três eixos estratégicos, que agrupam diferentes tipologias de projectos e acções, a saber:

  • Eixo 1. Preservar o património ambiental e paisagístico — agrega os projectos que visam a minimização da erosão costeira, garantindo assim a preservação do sistema lagunar e a minimização de situações de risco de pessoas e bens, bem como a requalificação e renaturalização de áreas degradadas fundamentais para o equilíbrio biofísico da Ria Formosa — zona costeira preservada;
  • Eixo 2. Qualificar a interface ribeirinha — agrega as intervenções de qualificação do território, centrada na criação e melhoria das condições de base que permitam a vivência da Ria e das cidades que a envolvem — zona costeira vivida;
  • Eixo 3. Valorizar os recursos como factor de competitividade — agrega um conjunto de projectos que permitam valorizar e potenciar os recursos da Ria, garantindo uma posição de destaque da Ria Formosa no contexto da região em que se insere — zona costeira de recursos.

A operacionalização da estratégia para a Ria Formosa perspectiva uma intervenção em 48 km de frente costeira e em 57 km de frente lagunar, inclusivamente na área protegida do Parque Natural da Ria Formosa, nos municípios de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António. Terá lugar a renaturalização de espaços edificados em zona lagunar, prevendo-se a demolição, nos ilhotes e nas ilhas-barreira, com base nas orientações do POOC, das construções localizadas no domínio público em situação irregular, respeitando, consolidando e qualificando, contudo, os núcleos históricos de primeira habitação de pescadores, mariscadores e viveiristas.

  • Renaturalização de ilhotes e ilhas-barreira - 83 ha,
  • Reestruturação e requalificação nas ilhas –barreira - 89 ha;
  • Requalificação de frentes ribeirinhas - 37 ha.
Fonte: Parque Expo

terça-feira, 28 de abril de 2009

Anchova - mitos e verdades


"Na pesca deve-se utilizar sempre um baixo de linha em aço"
Falso. Os baixos deste tipo apenas devem ser colocados quando se pesca com borrachas pequenas ou pequenas amostras rígidas, que pela reduzida dimensão possam ser engolidas.
Uma amostra de tamanho normal só em casos muito raros é perdida devido a um ataque na zona frontal da mesma, pois estes peixes têm por hábito cortar as presas pela zona central.
Por outro lado, a rigidez do aço faz com que o movimento das amostras seja menos atraente.
Em muitos casos o número de ataques pode ser inferior porque os peixes desconfiam mais.
Para terminar, em caso de rutura, a linha de aço constitui uma séria ameaça para a integridade do animal, podendo causar a sua morte (há três anos capturei um exemplar muito magro que arrastava uma linha de aço).

"As amostras devem ser recolhidas a grande velocidade"
Conceito relativo. Depende das circunstâncias e dos lugares. Estes peixes são velocistas mas em determinadas ocasiões atacarão as amostras recolhidas a média velocidade. Vai depender do ambiente em que estão inseridas e do seu grau de excitação.

"São peixes vorazes e pouco seletivos, que atacam tudo o que se mexe"
Falso
. Apenas é possível constatar este comportamento em condições muito, mas muito especiais. Na maioria das ocasiões a apresentação terá que ser o mais realista possível e de forma a imitar as presas que os peixes estão a consumir (isto independentemente de reagirem também por excitação). Se estiverem a comer carapaus/sardinhas pequenas, recusarão grandes amostras. Por outro lado, se estiverem a perseguir peixes voadores (de perfil mais alongado), atacarão amostras de silhueta longa sem hesitar.
Quanto à cor, esta também é determinante em muitos casos.


"No combate, deve-se baixar a cana para evitar que o peixe se liberte"
Falso
. Este procedimento é muitas vezes visto, e praticado mesmo por pessoas com muitos anos de pesca. Na luta do peixe, o pescador deve seguir sempre atentamente os seus movimentos e acompanhar sempre os saltos, de modo que durante os mesmos o peixe nunca salte livremente, o que em muitos casos permitirá que este sacuda a amostra. A cana deve ser sempre mantida alta.

"Amostra grande/peixe grande"
Verdade
. As anchovas são peixes que por norma atacam peixes grandes, chegando mesmo ao ponto de predarem indivíduos da mesma espécie. São animais valentes e não hesitarão em atacar presas muito maiores se tiverem oportunidade de lhes jogar os dentes. No sul de Espanha, são épicas as caçadas destes peixes às grandes tainhas portuárias e mais espetaculares ainda as perseguições aos peixes voadores em Portugal.
Por norma amostras grandes permitem pescar os colossos desta espécie.

"Pode ser pescada com material utilizado para outros predadores costeiros"
Não é bom procedimento.
As amostras das espécies muito menos combativas (robalo e baila) não se encontram preparadas para suportar a punição deste animal. Os triplos, as argolas e a própria amostra pagam na maioria das vezes a factura e dão origem à perda de belos peixes.

"Quando está presa, avança e pode cortar a linha"
Falso.
O corte da linha costuma ser feito por um segundo exemplar que segue a anchova que está presa e que compete pelo alimento.

"Prefere caçar entre duas luzes"
Relativo. Apesar do amanhecer e crepúsculo serem alturas preferenciais para a maioria dos predadores para caçarem, estes peixes podem ser capturados em qualquer altura, desde que as condições estejam reunidas.



"Os bancos (cardumes) desta espécie possuem exemplares de vários tamanhos misturados"
Falso. Peixes grandes não se misturam com os seus congéneres mais pequenos, pois como referido anteriormente, praticam canibalismo.

"Engolem as presas inteiras"
Não é prática corrente. O modus operandis deste predador consiste em seccionar a presa pela metade e depois devorar o resto.


Para terminar, devem-se manusear com muito cuidado todos os exemplares que se pretende libertar. Manuseamento de peixe com as mãos secas, colocação de exemplares encima das pedras, perda do muco protetor/escamas ou a sua mutilação, são procedimentos infelizmente comuns. Estas atitudes conduzem na maioria das vezes a danos irreversíveis e consequentemente à morte do peixe.
Deve-se ainda generalizar o uso do fishing grip e oxigenar bem o peixe após as fotos.


S. Ferreira

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Nós fundamentais

Alguns nós primordiais:

Bimini twist:





GT knot (mono-multi para peixes "light"):



Midnight knot (união mono-multi para peixes potentes):



Fonte (source): Angler's pro-shop

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Corvina de 22 kg

Excelente exemplar de corvina, pescado ontem com artificial, pelo Professor Luís:

*Foto cedida por Rui Soares (captada por Jorge Simão)

quarta-feira, 11 de março de 2009

JP e o achigã

O futuro não se faz com lamentações, enterrando a cabeça na areia. Faz-se sim com atitudes firmes:

terça-feira, 10 de março de 2009

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A reprodução dos achigãs

O período reprodutivo do achigã é uma fase muito delicada.
Apesar da maior parte dos exemplares não adoptar esta atitude após o defeso, é frequente encontrar ainda peixes no ninho.
Sempre que isso aconteça, todo o indivíduo responsável e consciente em caso algum deve incomodar os peixes, deixando-os completar o seu ciclo vital e assim permitir a continuidade desta ameaçada espécie, nas nossas águas interiores.
A falta de respeito perante uma postura, tanto pela captura e devolução, como através da remoção definitiva do(s) peixe(s), conduz quase sempre à eliminação da prole.

Vídeo da autoria do meu amigo, A. Martins:

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Posição do bloco de esquerda - Portaria 143/2009

Mais uma vez o governo PS/Sócrates ataca as populações, particularmente as mais desfavorecidas, com a publicação da Portaria nº 143/2009, sobre a pesca lúdica no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV).

A imposição desta Portaria, ao arrepio e contra os legítimos interesses das populações, pescadores lúdicos e autarcas, procurando corrigir alguns disparates mais clamorosos da anterior Portaria – como a apanha de percebes “com as mãos, com os pés ou com a ajuda de uma animal” – acaba por piorar as normas restritivas e condicionalismos à apanha de bivalves, estendendo-as também à pesca à linha, o que só vem contribuir para o despoletar de conflitos gratuitos e o agravamento da crise económica e social.

As medidas que maior revolta estão a gerar entre os pescadores lúdicos são a introdução de um defeso de três meses para a pesca do sargo; a proibição de pescar três dias por semana e durante a noite, em todo a zona do Parque Natural; as zonas de interdição a todo o tempo e, sobretudo, a proibição da apanha de marisco para os não naturais ou não residentes nos concelhos de Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo.

São medidas absurdas, que carecem de sustentação científica e, portanto, ineficazes e profundamente injustas, lançando mais uma acha para a fogueira da crise social que se agrava de dia para dia e provocando a justa revolta das populações do PNSACV contra as prepotências do Ministério do Ambiente e do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB).

O Bloco de Esquerda denuncia o que parece ser uma estratégia deliberada do governo Sócrates para ilegalizar modos de vida ancestrais e tornar cada vez mais insustentável a existência da maioria das pessoas que vivem no Parque Natural. Esta obstinação do governo em “enxotar” as populações do litoral prepara a cama aos projectos PIN que se estendem de Tróia para Sul e ameaçam transformar a costa mais preservada de Portugal em coutadas para ricos, onde até as pequenas lojas são obrigadas a pagar renda aos Belmiros e outros tubarões.

Por outro lado, a proibição da apanha aos pescadores lúdicos não naturais ou residentes nos quatro concelhos do Parque, além de injusta, revela-se inconstitucional, já que todos os cidadãos são iguais perante a lei e ninguém poderá ser prejudicado ou privado de qualquer direito, em razão do território de origem.

Afectando as populações do interior do Alentejo e do Algarve, com profundas ligações a esta costa, esta medida discriminatória não vem beneficiar os habitantes do litoral. Além da crise, o pequeno comércio irá ressentir-se ao ficar privado de centenas de pescadores oriundos de municípios exteriores ao Parque Natural e de outros turistas, desferindo mais um rude golpe na economia local, já de si muito debilitada.

Sendo consensual a necessidade de medidas de ordenamento e gestão racional das pescas, tanto lúdica como comercial, o Bloco de Esquerda considera que estas deverão ser implementadas de forma integrada e coerente, fundamentadas em estudos científicos credíveis, e, acima de tudo, em concertação e diálogo com as populações, os pescadores, as suas associações e os autarcas locais.

O Bloco de Esquerda exige a imediata revogação da Portaria 143/2009 e solidariza-se com as justas reivindicações e manifestações dos pescadores lúdicos e das populações. O BE irá levar as exigências dos pescadores lúdicos à Assembleia Intermunicipal do Algarve e às diversas autarquias das nossas regiões, solicitando a intervenção do seu Grupo Parlamentar na Assembleia da República para a revogação da Portaria 143/2009.

16 de Fevereiro de 2009



O Secretariado do BE/Algarve

A Coordenadora Distrital de Beja do Bloco de Esquerda

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A revolta dos Vicentinos

As Comissões de Pescadores da Costa Alentejana e Vicentina, vão propor às populações do Alentejo e do Litoral, um boicote eleitoral, como forma de protesto, contra as novas portarias que define os condicionalismos ao exercício da pesca lúdica no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
“Boicotar os próximos actos eleitorais”, é uma das três decisões aprovadas pelas Comissões de Pescadores da Costa Alentejana e Vicentina, a que se juntaram comerciantes e cidadãos, para protestar contra as duas novas portarias aprovadas pelo Governo e publicadas em Diário da República (*), no passado dia 5 de Fevereiro, que definem os condicionalismos específicos ao exercício da pesca lúdica no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e mecanismos reguladores que permitem a definição de áreas e condições especificas para a actividade piscatória por parte das comunidades locais.
Carlos Carvalho, porta-voz da comissão, revelou à Voz da Planície que, para além do boicote eleitoral, vai ser promovida uma manifestação em Odemira e uma concentração junto ao mar, em dia e local proibidos de pescar.
Os pescadores e mariscadores dizem-se “ignorados” em todo o processo, e que as novas portarias “não devem ser acatadas”, por serem “uma aberração”, justifica Carlos Carvalho.
António Camilo, presidente da Câmara Municipal de Odemira, já tinha vindo a público mostrar a sua discordância com as novas portarias, apesar de concorda com o reconhecimento que as mesmas fazem sobre a “especificidade entre a pesca lúdica praticada pelos habitantes nos parques naturais e a pesca nacional”. O autarca não aceita no entanto, a “limitação do número de dias para a pesca e o aumento que na prática não existe”, para os pescadores dos parques naturais.
Teixeira Correia



(*)- Portarias N.º 143 e 144/ 2009, de 5 de Fevereiro, alteram o Decreto-Lei N.º 246/ 2000, de 29 de Setembro e Portaria N.º 868/ 2006, de 29 de Agosto.





Fonte: Rádio voz da planície

S. Ferreira

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Bivalves da costa sul - o berbigão


Berbigão - Cerastoderma edule
Descrição: possui uma concha equivalve, inequilateral, volumosa e com uma forma algo oval cordiforme. O bordo anterior é arredondado e o bordo posterior obliquamente truncado. Bordo ventral ligeiramente arqueado. os vértices são proeminentes, próximos e ligeiramente oblíquos. Apresenta entre 22-28 costelas radiais bem marcadas com numerosas escamas lamelares. Linhas de crescimento proeminentes e muito irregulares. Margens crenuladas desde os dentes laterais anteriores até aos posteriores. Margem anterior lisa. A valva direita tem dois dentes laterais posteriores e dois anteriores. O ligamento externo ocupa 2/3 da parte lateral da charneira. A cor pode ser branco baço, ferruginoso, amarelada ou acastanhada no exterior e esbranquiçada no interior.

Alimentação: suspensívoro

Distribuição:
desde o Mar de Barentz, Mar Báltico e Cáspio até ao Senegal.


Habitat:
vive em fundos de areia, vasa ou gravilha enterrados à superfície do sedimento. Habita na zona intertidal. Na região algarvia esta espécie ocorre entre os 3 e os 7m de profundidade.

Utilização: amplamente utilizado em culinária ou na pesca desportiva como isco (pesca em fundos arenosos, ou na pesca de barco em alto-mar para espécies como o besugo, safia, choupa, etc.)

Fonte: IPIMAR


S. Ferreira

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Portarias nº 143 e nº144/2009 de 05.02.2009 (algumas considerações)

Estive fora e de regresso, deparo-me com duas novas Portarias aplicáveis à pesca desportiva. Não gosto de empregar o termo lúdica, porque é desprovido de qualquer sentido.

A portaria nº144/2009, revoga a anterior (e não menos abominável) Portaria 868/2006.
Em termos gerais, a nova Portaria de positivo, muito pouco tem. Mais uma vez os legisladores denotam todo e qualquer bom senso, demonstrando estar completamente alheios da realidade.
Se o verdadeiro interesse residisse na preservação das espécies costeiras, o grande impacto exercido pela pesca profissional nunca poderia ter sido desprezado (de forma oportunista e maquiavélica).
Façamos então uma referência a alguns dos pontos mais polémicos:

Utensílios e equipamentos de pesca

É positiva a inclusão dos camaroeiros e enxadas. Porém, as mente iluminadas esqueceram-se que na zona mais rica do país (Ria Formosa) existe uma grande variedade de poliquetas que são capturadas de outras formas (a pá do casulo, a forquilha entortada por calor...entre outros); também há quem utilize ancinhos para a captura de berbigão e camarão.

Passa a ser proíbida a utilização do gancho, instrumento bastante útil para fazer subir animais de grande porte. Absurdo, porque com esta medida os riscos aumentam consideravelmente para o pescador, quando este pesca em zonas complicadas.
Porque motivo apenas os participantes em provas o podem utilizar? É discriminatório. Os últimos são tratados de forma diferente porquê? As suas acções não são lesivas como as nossas?
A proibição de utilização conjunta de equipamento de respiração artificial e espingardas submarinas, é algo muito positivo.
Todos os utensílios não referidos no diploma são proíbidos. Genial! O boga grip (que os anormais dos legisladores nunca ouviram falar na vida), só para citar um exemplo, não poderá ser utilizado para sujeitar os peixes. Os cestos também não...

Iscos e engodos

Porque motivo os mesmos podem ser usados na pesca embarcada e proíbidos na pesca apeada? Absurdo e leviano! É uma atitude discriminatória. Pela corrente de raciocínio chegamos à brilhante conclusão que o pescador apeado ao usar engodo exerce uma actividade lesiva, mas o embarcado não...


Restrições à pesca lúdica

Os anseios de muitos pescadores que utilizam molhes, acabaram por se concretizar. A legislação nada refere e caso se pretenda restringir esta actividade nos locais em questão, a autoridade marítima terá que elaborar um edital.
Esta alteração teria sido bem vinda para arrumar as pretensões de um pavão arrogante que durante muito tempo chefiou uma delegação marítima a sul.

Proibição de captura

A velha canção, e o eterno meter os dedos nos olhos do Zé povinho.
É muito poético proíbir (apenas para citar um exemplo) a captura do peixe-lua na pesca à linha. Nada a referir. Mas muita gente não sabe que na armação situada ao largo da Fuzeta, uma empresa Japonesa chacina anualmente toneladas destes pobres animais na sua actividade lesiva. Porque motivo as autoridades fecham os olhos? Há quem lucre com a actividade dos Japoneses, obviamente!

Limites à captura diária

Nada a referir, com excepção do peso referido para os percebes. Com estas medidas e com restrições em vigor, apenas fizeram com que a procura e preço dos animais aumentasse. Passa a ser uma actividade muito lucrativa e consequentemente procurada, que de resto já está a fazer sentir os seus efeitos.

Marcação das capturas, através do corte da barbatana caudal superior - já em uso noutros pontos de Portugal, apesar de positivo, este procedimento nunca irá acabar com a venda de peixes provenientes da pesca lúdica, pois muitas vezes o pescado é vendido em fracções ou já arranjado.



Portaria nº 143 de 05.02.2009 - condicionalismos específicos ao exercício da pesca lúdica no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e costa Vicentina

Outra obra prima, repleta de barbaridade e atropelos ao praticante desta actividade.
Os legisladores pretendem preservar e para tal criam regulamentação aplicável à apanha, pesca "lúdica" e pesca submarina. E os responsáveis pela desproporcional fatia de capturas? Esses não são lesivos. São meras "meninas de coro"...

Áreas de interdição

Ok. Querem delimitar zonas no mar. Com a crescente pressão exercida na ocupação da faixa litoral, quero ver se irão fazê-lo também ao longo desta bonita costa. É óbvio que não!


Limitações temporais ao exercício da pesca lúdica

Também querem limitar a pesca a determinados dias da semana? Óptimo. Se o desgraçado estiver de férias naquela zona, nos restantes dias apenas se ocupará a coçar os t..., ou a dedicar-se a um sem fim de outras actividades alucinantes...porque não a contar as nuvens no céu...enquanto isso, os verdadeiros responsáveis pela desertificação e empobrecimento das nossas águas, actuam impunemente o tempo todo. Isto é um atentado e algo que repugna até a mente mais pacífica e indolente.
Do nascer ao pôr do sol...lindo...até esse direito nos é negado...só mesmo nesta república das bananas! A pesca em praias não concessionadas poderá no entanto ser praticada num período nocturno...qual a diferença...é por motivos de segurança?? Então o objectivo é ou não preservar? Terá uma praia de areia uma fauna menos diversificada que uma zona de rocha?? É óbvio que não. Mais uma atitude discriminatória.

Apanha

Único ponto positivo - a proibição da captura de navalheiras ovadas.
Quanto à exclusividade de apanha pelos locais, é no meu ver, a maior discriminação de todas as anteriormente citadas. Ninguém proíbe um pescador de vir à Ria Formosa capturar ralos ou poliquetas para pescar em Sagres. Porque motivo os locais são privilegiados em detrimento dos outros? Os não locais serão cidadãos de segunda e isentos de direitos? O que diria um habitante de Aljezur se a sua entrada no hospital distrital de Faro fosse negada por não ser "local"? Isto é do mais baixo que se pode imaginar!

Competições desportivas
Os participantes em provas "desportivas" ficam isentos de cumprir o definido na Portaria, no que diz respeito a tamanhos e pesos. Revoltante, quando é sabido que os participantes deste tipo de eventos capturam um sem fim de juvenis de inúmeras espécies, ao abrigo de regulamentos absurdos. Neste caso particular, o legislador fecha os olhos porque é confortável fazê-lo. Onde está aqui a preocupação em preservar? Obviamente não existe!


A título de conclusão, fomos confrontados com dois documentos absurdos, lesivos, discriminatórios, elaborados por criaturas imcompetentes, afastadas da realidade e tendenciosas.
Mais uma vez, os principais prevaricadores e fomentadores do empobrecimento costeiro, são protegidos: os pescadores profissionais.
Esta legislação só irá aumentar a revolta das pessoas que amam este passatempo/forma de estar. Por si só, este efeito imediato poderá vir a ser benéfico, criando um movimento responsável e organizado de gente que conhece melhor do que ninguém os verdadeiros males que assolam as nossas águas costeiras.
Talvez seja desta, que se tomem acções determinantes e efectivas que permitam pôr cobro à forma abusiva como temos sido tratados nos últimos anos.

S. Ferreira

domingo, 25 de janeiro de 2009

Algumas espécies de bivalves da costa sul

Os fundos arenosos da costa algarvia, aparentemente desertos, albergam uma grande variedade de espécies marinhas.
Os bivalves fazem parte integrante das espécies mais conhecidas. Escondem-se no substracto arenoso e fixos a este, recolhem as partículas de plancton necessárias à sua alimentação e crescimento.
As populações de bivalves quando têm valor comercial, são sujeitas a exploração, que não sendo controlada, poderá causar grandes danos nas espécies alvo e consequentemente a todas as que lhes estão associadas.



Ensis siliqua (Linnaeus) ou navalha: bivalve conhecidíssimo. A concha é fina, larga e estreita, podendo ter até 20 cm de comprimento; as bordas superior e inferior são quase paralelas. As valvas são semelhantes e possui um ligamento externo e escuro.
Habitat: fundos arenosos até aos 35 m de profundidade, aproximadamente.
Utilização: culinária e pesca à linha.



Pharus legumen (Linnaeus): concha fina, larga e estreita, podendo ter até 12,5 cm de comprimento; as bordas superior e inferior não são paralelas. As valvas são iguais e possui um ligamento externo e negro.
Habitat: fundos arenosos costeiros em águas não profundas.
Utilização: pesca à linha.

Acanthocardia tuberculata (Linnaeus): concha de até 10 cm de largura; as valvas são iguais e convexas, arredondadas; o corpo do molusco é vermelho vivo.
Habitat: substractos brandos.
Utilização: pesca à linha.


"Bomboca": bivalve com valvas iguais e convexas, arredondadas; a cor exterior das valvas é rosa/avermelhada
Habitat: substractos arenosos.
Utilização: pesca à linha.


Cytherea chione (Linnaeus): concha até 8 cm de largura, com linhas concêntricas esculpidas por fora; contorno um pouco triangular.
Habitat: substractos brandos, até águas muito profundas.
Utilização: pesca à linha.