terça-feira, 30 de setembro de 2008

Carcinus maenas


O caranguejo verde, é um crustáceo que dispensa apresentações.
Devem existir poucas pessoas, que nunca tenham visto ou ouvido falar deste animal.

Morfologia: crustáceo decápode (10 patas) com uma carapaça de 60 mm de comprimento por 90 mm de largura. A coloração pode variar entre o acastanhado, o verde e o avermelhado, influenciada por fatores ambientais e genéticos.
Habitat: Encontra-se em zonas de ria ou em estuários. Frequenta todo o tipo de fundos, desde que estes tenham vegetação ou pedras e conchas.
É um animal muito voraz que devora qualquer coisa de origem animal. É também necrófago.
Ocorre na parte atlântica do continente europeu, até ao norte de África. Foi também introduzido noutros pontos do globo, onde assume estatuto de praga.
No Inverno permanece muito tempo enterrado ou escondido.

Aplicação: são utilizados inteiros como isco seletivo para as douradas, robalos e sargos de porte; cortados são muito utilizados para pescar a uma infinidade de espécies mariscadoras e o leque de aplicação é vastíssimo.
Conservação: devem ser mantidos num recipiente exclusivamente com algas (vulgo "estralos") . Podem aguentar de uma a cinco semanas, dependendo do tipo de caranguejo capturado.
Vulnerabilidade: é um crustáceo muito abundante.
Apesar disso, há mais de 15 anos atrás, foi bastante capturado, para venda em Espanha.

S. Ferreira

O minhocão

Grande verme, que apenas se pode encontrar no Algarve.

Morfologia: poliqueta de tons alaranjados e grandes dimensões, que atinge mais de 1m de comprimento. A velocidade que atingem no substrato em que se encontram é muito significativa.
Habitat: vive em fundos de areia ou mistos, na ria Formosa e nas praias Algarvias. Após os temporais, é normal em certas zonas o mar arrastar alguns exemplares para o areal.
Aplicação: estes vermes são utilizados seccionados (cortados); destinam-se principalmente à pesca de douradas, sargos e robalos, podendo porém capturar outras espécies.
Conservação: devem ser mantidos num aquário com água limpa/fresca e permanentemente oxigenada; deve haver a preocupação de gastar em primeiro lugar os exemplares que não estão inteiros (especialmente os que não possuem cabeça).
Vulnerabilidade: outrora muito abundantes, a captura desenfreada fez com que se tornassem mais difíceis de encontrar e muito menos numerosos; o preço que atingem atualmente é exorbitante; assim como para com outras espécies ameaçadas, impunha-se o controlo de capturas, o seu controlo (através de uma fiscalização responsável e eficaz) e defesos.

S. Ferreira

A salsicha


A salsicha é um verme sobejamente conhecido na zona Algarvia.

Morfologia: tem uma aparência inconfundível, apresentando um corpo cilindrico; a coloração pode variar entre o castanho claro e o rosa pálido.
Habitat: vive em fundos de areia ou mistos, na ria formosa e nas praias Algarvias.
Após os temporais, é normal em certas zonas, o mar arrastar muitos exemplares para o areal da praia.
Aplicação: estes vermes são utilizados inteiros (pequenas e médias dimensões), ou cortados em tiras (maiores exemplares); destinam-se à pesca das douradas, sargos e robalos.
Conservação: devem ser mantidas num aquário com água limpa/fresca e permanentemente oxigenada; também podem ser cortadas às tiras (proporcionais ao fim a que se destinam).
Se não forem utilizadas, poder-se-ão cortar, limpar e de seguida congelar num recipiente com água do mar.
Vulnerabilidade: outrora muito abundantes, a captura descontrolada para venda, fez com que se tornassem mais difíceis de encontrar; também para isso contribuíram os espanhóis, que clandestinamente as continuam a apanhar em grandes quantidades; para conseguir alterar a situação impunha-se o estabelecimento de zonas tampão e ainda a criação de defesos e controlo de capturas (com uma fiscalização responsável e eficaz).

S. Ferreira

sábado, 27 de setembro de 2008

Sphyraena viridensis

A bicuda ou yellowmouth barracuda é um peixe da ordem dos perciformes.
Possui um perfil alongado e extremamente hidrodinâmico, importante para um melhor desempenho na sua atividade predatória.
A mandíbula inferior é ligeiramente mais longa que a superior. Ambas as mandíbulas estão ornamentadas de dentes de tamanho proporcional ao seu tamanho.

Ocorre em alguns pontos do Atlântico e no Mediterrâneo.
Desloca-se ao longo da coluna de água, em busca das suas presas favoritas: peixes, crustáceos e cefalópodes.
É um peixe bastante agressivo e muito desportivo.
Pode ser capturada de várias formas, mas com amostras de superfície a beleza é nitidamente superior.
Tratando-se de uma espécie descrita como vulnerável, aconselha-se ao máximo a devolução da maioria dos exemplares capturados.

S. Ferreira

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Lithognathus mormyrus

A ferreira é uma das espécies de peixes demersais mais emblemáticas da zona Algarvia.
É um esparídeo alongado, de boca maior que o sargo e caracteriza-se por uma coloração bege/prateada com umas inconfundíveis riscas verticais castanhas claras e barbatanas peitorais/anais ligeiramente alaranjadas.
Extremamente vulgar e abundante há duas décadas atrás, a pressão de pesca e o arrasto costeiro conduziram ao seu gradual desaparecimento.
Nos anos 70 e 80, vários pontos da costa caracterizavam-se pela presença constante de muitos e grandes exemplares. A captura de dezenas de quilos à cana, era bastante comum.
Com a subida paralela do preço de algumas espécies de peixes, a sua procura também aumentou. As redes de cerco e a utilização simultânea de redes com fontes luminosas ou sonoras na pesca noturna, deram início ao seu declínio.
A remoção de bivalves através do arrasto de fundo costeiro, apenas veio dar o golpe final às já ameaçadas populações, mediante a alteração dos substratos arenosos e consequente eliminação de muitas das presas deste peixe.
A ferreira é um peixe social e tem por hábito deslocar-se em cardumes de médias dimensões, revolvendo os fundos marinhos em busca dos seus alimentos habituais: pequenos crustáceos, vermes e bivalves. É muitas vezes encontrada misturada com outros esparídeos.
Encontra-se geralmente em fundos arenosos ou mistos (até aos 150m), mas também pode ser encontrada em fundos lodosos.


Pescada principalmente a surfcasting, em Espanha está também muito difundida a pesca à boia, com pequenos gastrópodes ou bivalves.
É na pesca embarcada que se obtêm os melhores resultados, utilizando o famoso sistema do saco de plástico.
A sua captura pode ainda ser efetuada com pequenos artificiais em condições particulares.
Os exemplares de 1-1,5kg são excecionais e combativos. De um modo geral, as capturas ficam-se por pesos inferiores a 500g. Como máximo da espécie, está oficialmente registado um exemplar com 12 anos e 55 cm (in fish base).
A reprodução tem lugar no Verão e os alevins crescem em zonas de maternidade (junto à costa, ou em rias e estuários)
Curiosamente, regista-se bastante a ocorrência de parasitismo nesta espécie. Muito mais frequente do que nos sargos e robalos.
No Verão de 2008 registou-se um ténue ressurgimento de juvenis desta espécie, em algumas zonas, o que é animador. No entanto, sem a imposição de defesos ou proibição temporal de pesca (incluindo o arrasto em zonas mais sensíveis), esta espécie poderá nunca recuperar da pressão a que foi sujeita no passado.

S. Ferreira

sábado, 20 de setembro de 2008

Dicentrarchus punctatus

A baila é um dos pelágicos mais conhecidos da costa sul Portuguesa.
Do ponto de vista morfológico, caracteriza-se por ter algumas semelhanças com o robalo, não atingindo porém as mesmas dimensões. Possui um típico dorso sarapintado e é um peixe bastante mais frenético que o robalo.
Os habitats preferidos destes peixes são os mais variados: fundos arenosos, mistos ou até lodosos. A sua presença é comum em praias, rias ou na entrada de rios/rias.
Na costa Algarvia são frequentes todo o ano e a sua captura não oferece grandes dificuldades.
Reproduz-se no Inverno em grandes cardumes.

As maiores ameaças para estes peixes são as redes de cerco que capturam centenas de quilos de peixe, no período reprodutivo. Para além disso, nas competições de surfcasting (através de uma legislação infeliz e desajustada, criada para favorecer a pesca de competição) matam-se todos os anos milhares de juvenis.
Independentemente da predação levada a cabo pelo ser humano, esta espécie é controlada por outras espécies marinhas. De modo cíclico, a anos excelentes sucedem-se anos com uma redução significativa dos seus efetivos em muitos pontos da nossa costa (assim como sucede com outras espécies marinhas).


A baila é capturável com uma infinidade de iscos, apresentando no entanto uma maior preferência por vermes, crustáceos e pequenos peixes. Ainda que tendo uma boa boca, a sua pesca com isco vivo exige muita técnica e conhecimentos.
É no entanto com artificiais, que se capturam os maiores peixes. Um exemplar de 1,5-2kg é excelente.
A sua captura também pode ser efetuada com plumas, como ficou constatado este verão pelo meu amigo Zé Pedro Torres.
Esta modalidade, ficou-me na retina e é de todas a mais bonita e técnica.

(Foto da autoria de Gomes Torres (http://www.gomestorres.blogspot.com/))

Apesar do legislador ter definido (de forma absurda) como dimensões mínimas os 20 cm, deveremos sempre ignorar este comprimento e sacrificar apenas exemplares maiores, salvaguardando assim ao máximo a espécie e o seu futuro nas nossas águas.

S. Ferreira