terça-feira, 2 de dezembro de 2008

As amostras de hélices

Assim como os poppers e passeantes, as amostras de hélices foram concebidas para a captura do largemouth bass, conhecido entre nós como achigã.


Apesar de ter sido com os passeantes que me iniciei na pesca à superfície, as amostras de hélices fazem também parte das minhas favoritas.
Caracterizam-se por atrair bastante a atenção de grandes exemplares e pela agressividade dos ataques que produzem.
Geralmente costumam ser utilizadas com algum mar, pois deslocam-se de uma forma pouco discreta.
As primeiras que adquiri foram as baraka da marca sert (primeiras a contar de cima). Têm para mim dois problemas: o salitre introduz-se nas hélices e no veio onde estas trabalham, ainda que convenientemente lavadas, alterando o seu bom funcionamento; são afundantes, o que em certas situações é uma desvantagem. Possuem no entanto rattler.

As minhas favoritas são as famosas big big da marca ragot. Lançam-se bem, são flutuantes, resistentes e as hélices não sofrem do problemas das primeiras. Não possuem rattler.
Como principal desvantagem, não vêm de origem equipadas com anilhas. Por outras palavras a união anzol-amostra é feita diretamente. Isto pode ser uma desvantagem para peixes saltadores, pois a amplitude de movimentos que o triplo executa nas acrobacias do peixe, é mais limitada. Os anzóis de origem também são fracos para algumas espécies.


Não deixa de ser curioso o facto de em Portugal estas amostras serem muito pouco utilizadas. Para falar a verdade, associa-se sempre a palavra passeante à pesca de superfície.
No que me toca, não tenho prazer em seguir modas e em fazer aquilo que meio mundo está a fazer ou a utilizar. Neste sentido, acabo sempre por aconselhar-me com amigos experientes e a ler muito para experimentar técnicas que poucos praticam.
Estas amostras são em determinadas ocasiões muito efetivas para robalos de porte, e também para o mais emblemático predador de superfície: as acrobáticas anchovas.

S. Ferreira

sábado, 22 de novembro de 2008

Sequência de um dourado lutando

Hoje, em visita a um dos melhores foruns de pesca da net, deparei-me com mais algumas das estonteantes fotos do mestre dos mestres Tuba. Não resisti em publicá-las. É uma sequência espectacular de um dos peixes mais bonitos a lutar. Em performance aérea, consegue superar as anchovas. A amostra é uma das minhas favoritas:


*Fotos de António Amaral.


S. Ferreira

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Chondrostoma wilkommii


A boga-do-guadiana é uma das várias espécies do género existentes em Portugal.

Caracteriza-se por um aspeto fusiforme e alongado. Não apresenta barbilhos e na zona inferior da boca possui uma placa de bordo cortante destinada a raspar alimento do fundo.
É um peixe comum em alguns cursos de água Algarvios, podendo atingir cerca de 30 cm de comprimento e 400-500g de peso.

Alimenta-se de invertebrados (moluscos e larvas de insetos), assim como de vegetais.
Na primavera efetua migrações para zonas de água corrente pouco profunda, onde as fêmeas libertam os ovos (1.000 a 7.000) que são imediatamente fecundados. É um espetáculo ver os peixes nesta altura crucial. De referir que neste período, os machos apresentam os típicos tubérculos nupciais, comuns a outras espécies de ciprinídeos (como o barbo).


Aproveitando o facto, é hábito as gentes do interior colocarem redes neste período, o que é de todo condenável e deverá ser objeto de uma ação firme da nossa parte.

Estes peixes desempenham um papel muito importante nas populações de achigãs, porque em determinados lugares são o seu principal alimento. É costume os achigãs ficarem suspensos, perseguindo os cardumes de bogas.
Com a chegada de espécies invasoras, como o alburno, introduzidos de forma criminosa por indivíduos com poucos escrúpulos, as bogas correm sérios riscos.
Teme-se que o futuro seja algo negro, se não forem desencadeadas medidas de conservação da espécie.

S. Ferreira

domingo, 5 de outubro de 2008

Seriola rivoliana



O Írio ou Almaco jack, a par do encharéu é um dos pelágicos mais desportivos do território Português.

Morfologia: peixe alongado, mais alto que o S. dumerili, bastante musculoso e hidrodinâmico. De cor acinzentada no dorso, mais claro ventralmente. Exibe uma barra escura na cabeça que se estende do olho ao início da dorsal. As barbatanas anal e dorsal são muito desenvolvidas. Pode atingir mais de 1m de comprimento.

Habitat: é geralmente encontrado em recifes (até aos 160m ou mais), formando cardumes de médias dimensões. Os exemplares jovens podem ser encontrados junto a corpos flutuantes.
Alimenta-se de peixes e por vezes de invertebrados.

Distribuição: ocorre em vários pontos do globo.

Características: A luta é parecida à do encharéu, mas levada ao extremo. Se o peixe conseguir roçar-se nas rochas, o corte da linha é imediato. Após a ferragem, deve-se manter o peixe afastado do recife e aguentar a violência do animal, tentando levantá-lo gradualmente na coluna de água, o que não é tarefa nada fácil.

Vulnerabilidade: o írio é um peixe bastante vulnerável, assumindo o catch and release uma importância fulcral para o futuro da espécie.

A ter em conta: em certos pontos do globo estes peixes podem causar envenamento por ciguatera (acumulação de toxinas).


S. Ferreira

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Pseudocaranx dentex

*exemplar devolvido após a captura

O encharéu é um dos pelágicos mais potentes e poderosos do território Português.

Morfologia: peixe compacto, musculoso e hidrodinâmico, exibindo uma tonalidade cinzento-prateada. Apresenta barbatanas ventrais longas e de cor amarelada. A barbatana caudal é longa e em forma de meia lua. Os maiores exemplares atingem de 12 a 15 kg.
Habitat: é geralmente encontrado em recifes, formando grandes cardumes.
Alimenta-se de peixes (carapaus, bogas, sardinhas, etc.) , podendo ainda consumir invertebrados.
Distribuição: ocorre no Algarve, na Madeira e nos Açores. Pode ainda ser encontrado no Mediterrâneo, Canárias, África do Sul, Japão, Austrália, Nova Zelândia, entre outros.

Características: é um peixe extraordinário que tive a felicidade de conhecer, por intermédio de um grande amigo meu.
Os primeiros instantes da luta são brutais e parecem decidir o sucesso do combate. Se o peixe conseguir roçar-se nas rochas, o corte da linha é imediato. Se após a ferragem, tivermos a sorte ou a experiência necessárias para evitar o corte da linha, espera-nos uma luta impressionante e violenta que parece não ter fim.
O material usado será levado ao limite. Ao subir, o encharéu colocar-se-á perpendicularmente à coluna de água, dificultando ainda mais a nossa tarefa.

Vulnerabilidade: o encharéu é um peixe que pode atingir 49 anos de idade. Assim sendo, podemos concluir que é uma espécie muitíssimo vulnerável.
O catch and release é quase obrigatório para garantir o futuro destes fantásticos e poderosos lutadores.
A devolução é o mínimo que podemos oferecer ao animal, pelo prazer que este nos proporcionou.
Aconselho todos os verdadeiros desportistas a fazerem-no a 100%.


S. Ferreira

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Carcinus maenas


O caranguejo verde, é um crustáceo que dispensa apresentações.
Devem existir poucas pessoas, que nunca tenham visto ou ouvido falar deste animal.

Morfologia: crustáceo decápode (10 patas) com uma carapaça de 60 mm de comprimento por 90 mm de largura. A coloração pode variar entre o acastanhado, o verde e o avermelhado, influenciada por fatores ambientais e genéticos.
Habitat: Encontra-se em zonas de ria ou em estuários. Frequenta todo o tipo de fundos, desde que estes tenham vegetação ou pedras e conchas.
É um animal muito voraz que devora qualquer coisa de origem animal. É também necrófago.
Ocorre na parte atlântica do continente europeu, até ao norte de África. Foi também introduzido noutros pontos do globo, onde assume estatuto de praga.
No Inverno permanece muito tempo enterrado ou escondido.

Aplicação: são utilizados inteiros como isco seletivo para as douradas, robalos e sargos de porte; cortados são muito utilizados para pescar a uma infinidade de espécies mariscadoras e o leque de aplicação é vastíssimo.
Conservação: devem ser mantidos num recipiente exclusivamente com algas (vulgo "estralos") . Podem aguentar de uma a cinco semanas, dependendo do tipo de caranguejo capturado.
Vulnerabilidade: é um crustáceo muito abundante.
Apesar disso, há mais de 15 anos atrás, foi bastante capturado, para venda em Espanha.

S. Ferreira

O minhocão

Grande verme, que apenas se pode encontrar no Algarve.

Morfologia: poliqueta de tons alaranjados e grandes dimensões, que atinge mais de 1m de comprimento. A velocidade que atingem no substrato em que se encontram é muito significativa.
Habitat: vive em fundos de areia ou mistos, na ria Formosa e nas praias Algarvias. Após os temporais, é normal em certas zonas o mar arrastar alguns exemplares para o areal.
Aplicação: estes vermes são utilizados seccionados (cortados); destinam-se principalmente à pesca de douradas, sargos e robalos, podendo porém capturar outras espécies.
Conservação: devem ser mantidos num aquário com água limpa/fresca e permanentemente oxigenada; deve haver a preocupação de gastar em primeiro lugar os exemplares que não estão inteiros (especialmente os que não possuem cabeça).
Vulnerabilidade: outrora muito abundantes, a captura desenfreada fez com que se tornassem mais difíceis de encontrar e muito menos numerosos; o preço que atingem atualmente é exorbitante; assim como para com outras espécies ameaçadas, impunha-se o controlo de capturas, o seu controlo (através de uma fiscalização responsável e eficaz) e defesos.

S. Ferreira

A salsicha


A salsicha é um verme sobejamente conhecido na zona Algarvia.

Morfologia: tem uma aparência inconfundível, apresentando um corpo cilindrico; a coloração pode variar entre o castanho claro e o rosa pálido.
Habitat: vive em fundos de areia ou mistos, na ria formosa e nas praias Algarvias.
Após os temporais, é normal em certas zonas, o mar arrastar muitos exemplares para o areal da praia.
Aplicação: estes vermes são utilizados inteiros (pequenas e médias dimensões), ou cortados em tiras (maiores exemplares); destinam-se à pesca das douradas, sargos e robalos.
Conservação: devem ser mantidas num aquário com água limpa/fresca e permanentemente oxigenada; também podem ser cortadas às tiras (proporcionais ao fim a que se destinam).
Se não forem utilizadas, poder-se-ão cortar, limpar e de seguida congelar num recipiente com água do mar.
Vulnerabilidade: outrora muito abundantes, a captura descontrolada para venda, fez com que se tornassem mais difíceis de encontrar; também para isso contribuíram os espanhóis, que clandestinamente as continuam a apanhar em grandes quantidades; para conseguir alterar a situação impunha-se o estabelecimento de zonas tampão e ainda a criação de defesos e controlo de capturas (com uma fiscalização responsável e eficaz).

S. Ferreira

sábado, 27 de setembro de 2008

Sphyraena viridensis

A bicuda ou yellowmouth barracuda é um peixe da ordem dos perciformes.
Possui um perfil alongado e extremamente hidrodinâmico, importante para um melhor desempenho na sua atividade predatória.
A mandíbula inferior é ligeiramente mais longa que a superior. Ambas as mandíbulas estão ornamentadas de dentes de tamanho proporcional ao seu tamanho.

Ocorre em alguns pontos do Atlântico e no Mediterrâneo.
Desloca-se ao longo da coluna de água, em busca das suas presas favoritas: peixes, crustáceos e cefalópodes.
É um peixe bastante agressivo e muito desportivo.
Pode ser capturada de várias formas, mas com amostras de superfície a beleza é nitidamente superior.
Tratando-se de uma espécie descrita como vulnerável, aconselha-se ao máximo a devolução da maioria dos exemplares capturados.

S. Ferreira

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Lithognathus mormyrus

A ferreira é uma das espécies de peixes demersais mais emblemáticas da zona Algarvia.
É um esparídeo alongado, de boca maior que o sargo e caracteriza-se por uma coloração bege/prateada com umas inconfundíveis riscas verticais castanhas claras e barbatanas peitorais/anais ligeiramente alaranjadas.
Extremamente vulgar e abundante há duas décadas atrás, a pressão de pesca e o arrasto costeiro conduziram ao seu gradual desaparecimento.
Nos anos 70 e 80, vários pontos da costa caracterizavam-se pela presença constante de muitos e grandes exemplares. A captura de dezenas de quilos à cana, era bastante comum.
Com a subida paralela do preço de algumas espécies de peixes, a sua procura também aumentou. As redes de cerco e a utilização simultânea de redes com fontes luminosas ou sonoras na pesca noturna, deram início ao seu declínio.
A remoção de bivalves através do arrasto de fundo costeiro, apenas veio dar o golpe final às já ameaçadas populações, mediante a alteração dos substratos arenosos e consequente eliminação de muitas das presas deste peixe.
A ferreira é um peixe social e tem por hábito deslocar-se em cardumes de médias dimensões, revolvendo os fundos marinhos em busca dos seus alimentos habituais: pequenos crustáceos, vermes e bivalves. É muitas vezes encontrada misturada com outros esparídeos.
Encontra-se geralmente em fundos arenosos ou mistos (até aos 150m), mas também pode ser encontrada em fundos lodosos.


Pescada principalmente a surfcasting, em Espanha está também muito difundida a pesca à boia, com pequenos gastrópodes ou bivalves.
É na pesca embarcada que se obtêm os melhores resultados, utilizando o famoso sistema do saco de plástico.
A sua captura pode ainda ser efetuada com pequenos artificiais em condições particulares.
Os exemplares de 1-1,5kg são excecionais e combativos. De um modo geral, as capturas ficam-se por pesos inferiores a 500g. Como máximo da espécie, está oficialmente registado um exemplar com 12 anos e 55 cm (in fish base).
A reprodução tem lugar no Verão e os alevins crescem em zonas de maternidade (junto à costa, ou em rias e estuários)
Curiosamente, regista-se bastante a ocorrência de parasitismo nesta espécie. Muito mais frequente do que nos sargos e robalos.
No Verão de 2008 registou-se um ténue ressurgimento de juvenis desta espécie, em algumas zonas, o que é animador. No entanto, sem a imposição de defesos ou proibição temporal de pesca (incluindo o arrasto em zonas mais sensíveis), esta espécie poderá nunca recuperar da pressão a que foi sujeita no passado.

S. Ferreira

sábado, 20 de setembro de 2008

Dicentrarchus punctatus

A baila é um dos pelágicos mais conhecidos da costa sul Portuguesa.
Do ponto de vista morfológico, caracteriza-se por ter algumas semelhanças com o robalo, não atingindo porém as mesmas dimensões. Possui um típico dorso sarapintado e é um peixe bastante mais frenético que o robalo.
Os habitats preferidos destes peixes são os mais variados: fundos arenosos, mistos ou até lodosos. A sua presença é comum em praias, rias ou na entrada de rios/rias.
Na costa Algarvia são frequentes todo o ano e a sua captura não oferece grandes dificuldades.
Reproduz-se no Inverno em grandes cardumes.

As maiores ameaças para estes peixes são as redes de cerco que capturam centenas de quilos de peixe, no período reprodutivo. Para além disso, nas competições de surfcasting (através de uma legislação infeliz e desajustada, criada para favorecer a pesca de competição) matam-se todos os anos milhares de juvenis.
Independentemente da predação levada a cabo pelo ser humano, esta espécie é controlada por outras espécies marinhas. De modo cíclico, a anos excelentes sucedem-se anos com uma redução significativa dos seus efetivos em muitos pontos da nossa costa (assim como sucede com outras espécies marinhas).


A baila é capturável com uma infinidade de iscos, apresentando no entanto uma maior preferência por vermes, crustáceos e pequenos peixes. Ainda que tendo uma boa boca, a sua pesca com isco vivo exige muita técnica e conhecimentos.
É no entanto com artificiais, que se capturam os maiores peixes. Um exemplar de 1,5-2kg é excelente.
A sua captura também pode ser efetuada com plumas, como ficou constatado este verão pelo meu amigo Zé Pedro Torres.
Esta modalidade, ficou-me na retina e é de todas a mais bonita e técnica.

(Foto da autoria de Gomes Torres (http://www.gomestorres.blogspot.com/))

Apesar do legislador ter definido (de forma absurda) como dimensões mínimas os 20 cm, deveremos sempre ignorar este comprimento e sacrificar apenas exemplares maiores, salvaguardando assim ao máximo a espécie e o seu futuro nas nossas águas.

S. Ferreira

domingo, 17 de agosto de 2008

As amostras de superfície - Pencil poppers

Grandes amostras para bater água e levantar peixes activos. Permitem atingir distâncias importantes, mesmo com vento de frente. A animação é bem mais rápida que a de um popper. Salpica muita água e faz simultâneamente um movimento de zig-zag muito atraente.



S. Ferreira

As amostras de superfície - hélices

Amostras não muito utilizadas no nosso país, mas muito boas para robalos e anchovas.
O técnica de recuperação é fácil e baseia-se em toques de ponteira.



S. Ferreira

As amostras de superfície - Poppers

Uma das minhas amostras favoritas, para robalos, anchovas e bailas.
Não são tão difíceis de trabalhar como os passeantes:



A animação:



S. Ferreira

As amostras de superfície - os passeantes

São de todas as amostras de superfície as mais técnicas.



Na recuperação de um passeante, os toques e recuperação da linha são efetuados em simultâneo. De início é difícil coordenar os movimentos, mas chega-se lá facilmente:



S. Ferreira

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Catch and Release - porquê libertar os peixes grandes?

Muito se fala e se tem falado, no mundo da pesca ao achigã, sobre a importância de que se reveste a libertação dos peixes pescados.
Apesar de não ser um indivíduo fundamentalista, com o passar do tempo, e com o acumular de conhecimentos, cheguei à conclusão que os exemplares grandes devem ser objeto de proteção especial.
Os motivos são os seguintes:

1- São os exemplares com maior potencial genético; os seus genes devem ser transmitidos às gerações seguintes, de modo a incrementar ainda mais o tamanho da espécie nas nossas águas;
2- São os exemplares que à partida produzem mais alevins, consequentemente produzindo mais descendência - são as galinhas dos ovos de ouro de uma massa de água;
3- O número de pescadores desportivos nas nossas águas interiores, aumenta todos os dias; sabendo que a maioria mata peixe, estaremos a delapidar as nossas águas, comprometendo o futuro da espécie e também o futuro da pesca desta espécie emblemática;
4- Os peixes mais combativos são os exemplares de grande porte; um achigã morto satisfaz momentaneamente a gula de uma pessoa, mas impede que muitos pescadores disfrutem do prazer de pescar um exemplar destes;
5- As nossas entidades estatais não protegem a espécie; fazem exatamente o contrário; as águas interiores são geridas apenas com interesses monetários, ficando sempre em último lugar as espécies nelas inseridas; manutenção de níveis de águas estáveis durante o período reprodutivo são uma utopia; não são feitos repovoamentos;
6- A ideia de não devolver o peixe pescado porque ao fazermos isso, alguém o irá pescar de seguida, é também um procedimento absurdo; se não o fizermos morrerá de certeza; se o soltarmos continuará a exercer o seu importante papel na massa de água em que está inserido.

Largemouth

Smallmouth

Há no entanto que ter em conta a forma como se manipula o peixe após a sua captura. Deve ser manuseado com as mãos molhadas para evitar danificar o seu muco protetor, deve ser agarrado na horizontal para não danificar os seus órgãos internos (apoiando para tal uma das mãos na barriga) e após a foto deve ser gentilmente devolvido, oxigenando-o no processo.
Sou contra a manutenção de peixes em viveiros durante horas, nas provas de pesca ou ainda em stringers. O stress traumático da confinação é uma aberração, assim como os danos provenientes de choques do peixe com os seus congéneres ou com objetos.

Oxigenação, e foto durante a libertação


JP a dar o exemplo e a garantir a continuidade


S. Ferreira

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Spinning nos Olhos de Água

A descarga que ocorreu recentemente na praia dos Olhos de Água, tratou de afugentar os banhistas, mas acabou por se tornar uma benção para o JP.
Coincidência ou não, voltou a encostar um cardume de anchovas e o JP facturou novamente com os seus jerkbaits e poppers demoníacos...


As águas aqueceram e há que aproveitar enquanto dura.

S. Ferreira

Em busca dos pelágicos

Após um início de tarde completamente desastroso, em que desferraram 2 grandes exemplares com jerkbait e um ataque brutal falhado à superfície, houve necessidade de uma grande calma na escolha da amostra a utilizar.
O cardume estava junto aos pés e apesar do vento assobiar insistentemente nos ouvidos, o fernesim era total: peixes voadores planavam em pânico.
Teve que se optar por uma amostra extremamente aerodinâmica e de desempenho até à data desconhecido porque era oriunda do outro lado do Atlântico, vindo recomendada pelo mestre dos mestres da pesca da anchova.

Os ataques eram de cortar a respiração porque eram efetuados com uma investida aérea inicial dos peixes, antes do abocanhar propriamente dito...
Curiosamente, a amostra escolhia o peixe através do seu tamanho XXL, levando a resultados superiores ao da maioria dos colegas de pesca, apesar de alguns ataques falhados que fazem parte do jogo.

Da contenda resultaram 6 exemplares, sendo estes, dois dos maiores:



S. Ferreira

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sessão nocturna de surfcasting ligeiro

Sessão de surfcasting ligeiro pela noite dentro, no paraíso da modalidade.
Nestas águas, as bailas, robalos, douradas, sargos e linguados são frequentes e abundantes. Ocasionalmente, as corvinas, ferreiras e atuns também aparecem.
Como iscos, os vermes e a pulga-da-areia imperam, sendo letais para a generalidade das espécies existentes.
Para as espécies de maior porte torna-se necessário utilizar cavalas e chocos vivos, obrigando a uma logística superior da nossa parte.
Apesar da falta de mar, o peixe esteve sempre presente. Não em qualidade, mas em quantidade.
Final de tarde:


Início da noite com a sucessão infindável de toques:


As bailas e sargos pequenos sucediam-se num ritmo frenético...
Após umas horas de sono, as picadas iniciam-se perto da madrugada, culminando numa agradável sessão de pesca.
Vindo o dia, experimenta-se a pesca com buldo.
Um robalote devolvido à água, duas cavalas e uma baila a desferrar aos pés.
Foi ainda possível contar com uma captura inesperada: um rufião ou enguia-de-areia.

Isco letal para os grandes robalos, fotografada e devolvida ao seu meio.

S. Ferreira

domingo, 29 de junho de 2008

Spinning com amostras de superfície

No spinning actual, a pesca com amostras de superfície, destaca-se largamente pela sua espectacularidade e pelo seu maior grau de exigência técnica.
Só uma escolha correcta da amostras, o seu correcto manejo e alguma experiência, poderão conduzir a bons resultados.
A conjugação destes factores, possibilita ao praticante assistir a momentos ímpares, que nos cativam e ficam na memória para o resto dos nossos dias.
O robalo e a baila são perfeitamente pescados à superfície. Apesar de existir sempre uma percentagem de ataques falhados, qualquer captura nesta vertente é bem mais aliciante.
O mesmo se aplica aos nossos maiores predadores costeiros: as anchovas.


No que aos últimos diz respeito, a beleza da sua pesca e a forma como estes peixes atacam as amostras, não tem paralelo com os outros predadores. A um ataque brutal à superfície, que geralmente consiste num salto imponente em que o animal sai completamente da água, segue-se um combate frenético. O peixe está preso e tenta libertar-se através de potentes fugas para o fundo e de novos saltos, para se tentar libertar dos anzóis que o sujeitam. Neste processo, o nosso adversário explora ao máximo as nossas fraquezas e os pontos fracos do nosso material. Todos os pontos débeis serão aproveitados e os erros pagar-se-ão caros.

Fantásticas fotos, cedidas pelo grande guia de pesca e pescador de anchovas, Tuba.


S. Ferreira

domingo, 18 de maio de 2008

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A corvina (Argyrosomus regius) é uma das espécies mais emblemáticas da costa sul Portuguesa.
É frequente em estuários ou em zonas de recife e atinge grandes tamanhos. Os fundos que estes peixes frequentam podem ser mistos, de pedra, de areia ou ainda de lodo.
São peixes de cardume e geralmente de hábitos noturnos.

As corvinas são peixes poderosos que chegam a ultrapassar os 50kg. São capturadas essencialmente com isca viva: caranguejo, lula, choco, cavala, etc.
Como para qualquer peixe grande, o material a utilizar deve estar à altura, o que não implica necessariamente a utilização de conjuntos potentes que retiram todo e qualquer prazer à captura. Para além de serem capturadas com isco vivo, podemos ainda procurá-las com artificiais adequados.
Uma vez ferradas, caracterizam-se por uma luta potente - arranques repentinos e contínuos, nos quais costumam levar por vezes muita linha . Em certos cenários é imprescindível manter a calma e algum sangue-frio, para evitar perder a captura. Ferrar uma corvina é uma coisa, mas consumar a captura, é outra!


Com a criação de várias zonas de recifes artificiais ao longo da costa Algarvia, houve condições para o aumento dos efetivos da espécie.
Infelizmente, a armação de atum existente (que se destina a capturar tudo o que nela entra) tem sido responsável por autênticas chacinas desta e de outras espécies (inclusive algumas protegidas, como o peixe-lua), com o conhecimento das autoridades. Para além disso a pesca anárquica feita por pescadores à linha, nas zonas de recife, sem qualquer tipo de controlo, também contribui e muito para um futuro pouco promissor da espécie, em águas Portuguesas.
Esperemos que com a futura interdição das mencionadas zonas de recife, lhes seja dada uma oportunidade de sobrevivência e de futuro. Enquanto isso, a armação continua a fazer estragos diariamente.

SF

sábado, 29 de março de 2008

Os últimos refúgios

Com a crescente divulgação do spinning de mar no nosso país, esta técnica está na moda e são raras as pessoas que não ouviram falar nela.
Trata-se de uma pesca muito técnica, destinada à captura de exemplares de grande porte.
Estes exemplares (como refere um grande amigo meu), são na sua maioria reprodutores que pouco eram tocados pela pesca à rede.
Nos próximos anos, com a referida divulgação da modalidade, assistiremos a uma pressão de pesca imensa centrada nestes grandes exemplares, que conduzirá inevitavelmente a uma diminuição significativa destas populações.
De futuro terão que ser adoptadas medidas de conservação, que poderão passar pelo estabelecimento de limites diários e de medidas mínimas/máximas de captura.

Enquanto isso não acontece, os nossos portos constituem os últimos santuários/refúgios destes predadores de grande porte. Nestes ambientes em que a pesca é proibida, os grandes robalos sobrevivem e crescem sabendo que não possuem muitos inimigos naturais (com excepção das lontras marinhas presentes em alguns portos).
Apresento de seguida algumas fotos de grandes robalos, misturados com muges.

Robalo no centro do cardume de tainhas:


Foto anterior ampliada:


Outro cabeçudo no meio de tainhas:


Foto anterior apliada:



S. Ferreira


terça-feira, 25 de março de 2008

Anchova (Pomatomus saltatrix)

Introdução

(Foto de Hernández-González, C.L.)

A anchova (Pomatomus saltatrix) vulgarmente conhecida como bluefish, é um peixe popular no seio dos praticantes de pesca desportiva de todo o mundo. Tem tudo o que os praticantes deste desporto procuram: é muito agressiva e proporciona uma luta sem piedade caracterizada por saltos e pela brutalidade das suas investidas.

Esta espécie tem sido submetida a uma pesca excessiva e a sua população está em franco declínio na costa Portuguesa, contrariamente ao que se passa no outro lado do Atlântico, nomeadamente na costa dos EUA. Aqui, a sua reputação de gamefish faz com que estes peixes sejam protegidos, sendo a sua pesca controlada. Encontra-se presente nalguns pontos da nossa costa durante os meses mais quentes.

Devido à sua voracidade, é um peixe que pode ser pescado através de muitas técnicas de pesca, quer se utilizem iscos naturais ou artificiais. É no entanto a pesca com artificiais a mais aliciante e emotiva de todas, nomeadamente através da prática do spinning – lançamento de amostras directamente ligadas à linha do carreto. Quanto a estas, existe uma infinidade de modelos que podem ser utilizadas na pesca deste peixe. Referir-se-ão algumas das principais famílias, e material a utilizar, de uma forma bastante simplificada e breve.

Equipamento:

Cana - Deverá ser leve, potente e construída em carbono. O seu comprimento poderá variar entre 2,50m a 3,30m e a sua acção deverá ser rápida. O pesqueiro determinará as dimensões da cana.

Carreto - Não deverá ser grande ou pesado. Deverá sim, ter uma boa recuperação e uma excelente embraiagem. Os modelos Twin Power e Stradic da Shimano são bons exemplos.

Linha - As linhas vulgarmente empregues no carreto são em multifilamento. Permitem conseguir obter bons lançamentos através de utilização de diâmetros mais reduzidos e aguentar a luta destes fortes peixes. Uma linha de 30 lb é óptima. De entre algumas marcas, destacam-se a Power Pro, a Tuf Line e a Fire line.

Baixos de linha - Utiliza-se sempre um pequeno baixo de linha – 60 a 100 cm (0,48 a 0,55 mm) para diminuir a rigidez do conjunto, para permitir aguentar o roce da linha e para conferir menor visibilidade. Pode-se utilizar nylon ou fluorocarbono (este último aguenta melhor a fricção e desgaste). A união pode ser feita mediante a utilização de um nó albright. Existem no entanto muito mais opções que poderão ser encontradas na net e posteriormente equacionadas. A utilização de baixos em aço é um erro muito comum e apresenta muitas desvantagens. Fazem com que as amostras trabalhem mal, são muito visíveis e poderão diminuir significativamente a quantidade de picadas ao longo da sessão de pesca. A sua utilização só se justifica em amostras muito pequenas.

Anzóis e argolas - Os anzóis a utilizar deverão ser robustos e muito afiados. A força e os dentes das anchovas não perdoam. O mesmo se pode dizer das argolas que caso não sejam de boa qualidade, serão completamente abertas e destroçadas. Caso as amostras não tragam os elementos referidos com estas características, deverão ser imediatamente substituídos para evitar dissabores.

Amostras

Skipping lures

São consideradas por muitos, como as amostras nº1 para as anchovas. São extremamente resistentes, lançam como nenhuma outra, proporcionam ataques brutais e atraem grandes exemplares.

Costumam ser sempre as primeiras amostras a entrar em acção, devido aos resultados espectaculares obtidos. A cana deve ocupar uma posição intermédia e devem-se utilizar carretos de recuperação rápida para permitir que a amostra dê os seus saltos característicos e salpique muita água. De cima para baixo: bounders e rangers da Roberts Lures.


Poppers

Criadas originalmente para a pesca do achigã, foram mais tarde aplicadas à pesca dos vários predadores marinhos. De um modo geral, a cana deverá ser colocada o mais baixo possível. A recuperação costuma ser feita a grande velocidade, dando origem à formação contínua de bolhas de ar que excitam os peixes, levando-os a atacar. De cima para baixo: pop queen - Maria, chug bug – Storm, hidro Tiger - Yo-Zuri e Knuckle head - Creek Chub.



Pencil poppers

Parecidos com os poppers, mas possuem um perfil mais alongado. São também muito utilizados e pode-se executar uma recuperação rápida em zig-zag. De cima para baixo: pencil popper - Heddon e surface cruiser - Yo-Zuri.



Stickbaits ou passeantes

Criadas por volta de 1900 para pescar achigãs, conhecem actualmente uma grande divulgação na pesca de todos os predadores de água salgada e criaram-se uma infinidade de modelos.

A cana deve ser colocada o mais baixa possível e dão-se toques de ponteira alternados ao mesmo tempo que se recupera com o carreto (movimento wtd). De domínio difícil para os iniciados, exigem algum treino. Da esquerda para a direita: blues code – Maria (afundantes), z-claw, Miss carna – Maria e x-rap walker.



Hélices

Menos utilizadas que as restantes, são no entanto empregues em França na pesca dos robalos com excelentes resultados. O movimento, como as restantes deverá ser feito continuamente e com velocidade, para que desloque muita água e faça muito barulho. Foto: baraka - sert.


Jerkbaits

O jerkbait original foi criado pelo fundador da empresa “rapala”. Possuem um corpo alongado e uma pala frontal, que uma vez iniciada a recuperação faz com que a amostra afunde e vibre imitando a natação de um peixe. Para trabalhar estas amostras, a cana também deve ser mantida o mais baixo possível para que atinjam a profundidade que caracteriza o modelo empregue. As técnicas de animação são variadíssimas, mas devem-se caracterizar sempre por velocidade de execução. Da esquerda para a direita: 4 cores de bomber long A, rapala de pala metálica, x-rap – rapala, Tobi maru – Yo-zuri e x-rap (modelo intermédio) - rapala. As marcas referidas não lançam muito mas em contrapartida são mais resistentes.

Jigs

São vulgarmente utilizados jigs metálicos (zagaias/colheres) ou ainda jigs em chumbo adornados de bucktail/ flashbow. A forma de recuperação é variável, devendo ser executada uma velocidade similar às anteriormente descritas. São utilizados para procurar as anchovas a várias alturas de água. De cima para baixo: bucktail jig - xps e duas colheres metálicas.



Alguns conselhos

Pescar apenas os peixes que vai consumir e não praticar uma pesca destrutiva. Só através de uma pesca racional poderemos continuar a ter estes peixes por muito tempo nas nossas águas. O pescador desportivo não faz tantos estragos como o pescador profissional, mas também contribui para a escassez de peixe. As anchovas possuem na sua constituição uma grande quantidade de gorduras insaturadas e a oxidação destas e consequente degradação da carne do peixe, são inevitáveis! O processo de congelação altera bastante o sabor deste peixe; devem pois ser consumidas o mais depressa possível.

Caso se pretenda levar alguns exemplares para casa, outro aspecto muito importante a ter em conta durante a sessão de pesca, é mantê-las obrigatoriamente afastadas do vento e calor, para não secarem rapidamente.

Deve ser sempre utilizado um alicate de pontas para remover os anzóis e tomado especial cuidado com os dentes destes peixes, pois mordem a sério! As dentadas são perigosas e desagradáveis, podendo (se o exemplar for médio) arruinar a sessão de pesca, obrigando a uma ida ao hospital para suturar os dedos/mão.

O adversário deve ser sempre respeitado após a captura (caso não se pretenda proceder à sua devolução); deve ser imediatamente morto, inserindo para tal uma faca no cérebro – incisão efectuada na zona inferior. Poupar-se-á desta forma sofrimento desnecessário ao peixe e simultaneamente diminuir-se-á substancialmente a formação de ácido láctico no tecido do animal, evitando desta forma uma perda de qualidade da carne.


S. Ferreira

sábado, 26 de janeiro de 2008

Nós essenciais - Palomar

Nó para unir a linha às amostras ou a snaps
1 - Faz-se uma laçada

2 - Passa-se a laçada pela argola da amostra ou pelo snap

3 - Dá-se um nó simples na laçada

4 - Passa-se a laçada obtida pela amostra/snap

5 - A laçada regressa à zona de finalização do nó.


6 - Lubrifica-se e encerra-se o nó.


S. Ferreira