sábado, 29 de março de 2008

Os últimos refúgios

Com a crescente divulgação do spinning de mar no nosso país, esta técnica está na moda e são raras as pessoas que não ouviram falar nela.
Trata-se de uma pesca muito técnica, destinada à captura de exemplares de grande porte.
Estes exemplares (como refere um grande amigo meu), são na sua maioria reprodutores que pouco eram tocados pela pesca à rede.
Nos próximos anos, com a referida divulgação da modalidade, assistiremos a uma pressão de pesca imensa centrada nestes grandes exemplares, que conduzirá inevitavelmente a uma diminuição significativa destas populações.
De futuro terão que ser adoptadas medidas de conservação, que poderão passar pelo estabelecimento de limites diários e de medidas mínimas/máximas de captura.

Enquanto isso não acontece, os nossos portos constituem os últimos santuários/refúgios destes predadores de grande porte. Nestes ambientes em que a pesca é proibida, os grandes robalos sobrevivem e crescem sabendo que não possuem muitos inimigos naturais (com excepção das lontras marinhas presentes em alguns portos).
Apresento de seguida algumas fotos de grandes robalos, misturados com muges.

Robalo no centro do cardume de tainhas:


Foto anterior ampliada:


Outro cabeçudo no meio de tainhas:


Foto anterior apliada:



S. Ferreira


8 comentários:

José Gomes Torres disse...

Pois, protecção das espécies...
Duvido muito que alguém esteja preocupado com essa questão, particularmente quando se alguns "pescadores" têm apenas em mente encher alguidares e aparecer em fotos deprimentes!!!!
-Deus te ouça, amigo!

S. Ferreira disse...

Daqui a 30 anos, quando os robalos grandes escassearem, as grandes pescarias acabarem e surgir uma nova geração de pescadores (tipo Zé Pedro), pode ser.
Até lá, a devastação continuará.
Eu já ficava contente se deixasse de encontrar lixo nos pesqueiros e observar indivíduos a matar juvenis...

Fernando Encarnação disse...

Viva Sérgio,
Tens toda a razão na tua preocupação da pressão desta explusão do Spinning, a capturas dos grandes exemplares reprodutores (dos 6 aos 8 kg) tamanho optimizado de reprodução máxima da espécie, corresponde claramente com o sonho de capturas de todos os pescadores desportivos ou não.

Também os tenho visto junto ás tainhas aqui no rio, mas infelizmente também já tenho sabido que até esses grandes exemplares que apesar de andares junto aos canos de águas residuais tem sido vitimas do excesso de prazer pela pesca, ao ver esses refugios (tipo oceanario) o pessoal só lhe vem à cabeça destruir e matar, para comer ou não, infelizmente...

Tenho pena mas como as coisas caminham qualquer dia não vamos ter nada e tudo que falamos não passa de uma utopia.

Bons registos e boa chamada de atenção, parabéns mais uma vez Sérgio, grande abraço.

S. Ferreira disse...

Olá, grande Fernando!

Pois é! Aproximam-se tempos difíceis e nós que já temos uns 20 e tal anos de pesca no papo, sabemos o que isto era e é na actualidade.
A fase das vacas magras já se iniciou há uns anitos e terá tendência a piorar progressivamente, como iremos continuar a testemunhar.
Vocês já o devem ter sentido com os sargos e nós,com a generalidade das espécies.
Os robalos do Mira são vulneráveis, concordo contigo.
Por aqui estes grandes exemplares têm permanecido quase intocados devido à proibição de pescar nos lugares mencionados.

Um abraço,

Fernando Encarnação disse...

Concordo contigo Sérgio, a questão é pertinente, mas não poderemos fugir dela, à relativamente meia dúzia de anos atrás era perfeitamente possivel ir uma manhã à pesca e carregar neles, no outro dia lá estavam novamente.

Actualmente é bastante dificil por alguns motivos;

- Muita gente nos pesqueiros;
- Pesqueiros queimados com engodo;
- Lixo nos pesqueiros;
- Alterações climatéricas;
- Pressão da pesca Profissional;
- Pressão da pesca artesanal;
- Pressão da pesca lúdica;
- Não existência de defesos;
- Poluição de lençóis freaticos;
- Poluição costeira;

Se fosse só com os sargos... Mas não, é com a genaralidade das espécies, depois desapareceram os grandes predadores (Anchovas) o que deu origem a uma explosão de bogas, cavalas, salemas, que antes eram sazonais.

Os robalos do Mira que aos 14 anos começei a pescar e nessa altura eram microscópicos, chamavamos-lhes "folhinhas de oliveira" não haviam grandes exemplares porque eram apanhados na subida do rio pelas extensivas malhas de rede de autenticos perdadores de duas pernas. Actualmente já não se usam redes pelo menos não se vê, e os grandes exemplares sobem o rio e andam perfeitamente descansados junto das taínhas, tornando se um alvo fácil para caçadores de troféus.

Abraço Sérgio.

S. Ferreira disse...

Fernando, concordo com os factores que apresentaste.
Relativamente aos robalos que mencionas, olha que salvo momentos e técnicas específicas, esses peixes são manhosos e não se deixam capturar com muita facilidade;)

Um abraço.

José Carlota disse...

Parabéns pelo blog!

S. Ferreira disse...

Obrigado, Zé;)

Um abraço.