sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Lithognathus mormyrus

A ferreira é uma das espécies de peixes demersais mais emblemáticas da zona Algarvia.
É um esparídeo alongado, de boca maior que o sargo e caracteriza-se por uma coloração bege/prateada com umas inconfundíveis riscas verticais castanhas claras e barbatanas peitorais/anais ligeiramente alaranjadas.
Extremamente vulgar e abundante há duas décadas atrás, a pressão de pesca e o arrasto costeiro conduziram ao seu gradual desaparecimento.
Nos anos 70 e 80, vários pontos da costa caracterizavam-se pela presença constante de muitos e grandes exemplares. A captura de dezenas de quilos à cana, era bastante comum.
Com a subida paralela do preço de algumas espécies de peixes, a sua procura também aumentou. As redes de cerco e a utilização simultânea de redes com fontes luminosas ou sonoras na pesca noturna, deram início ao seu declínio.
A remoção de bivalves através do arrasto de fundo costeiro, apenas veio dar o golpe final às já ameaçadas populações, mediante a alteração dos substratos arenosos e consequente eliminação de muitas das presas deste peixe.
A ferreira é um peixe social e tem por hábito deslocar-se em cardumes de médias dimensões, revolvendo os fundos marinhos em busca dos seus alimentos habituais: pequenos crustáceos, vermes e bivalves. É muitas vezes encontrada misturada com outros esparídeos.
Encontra-se geralmente em fundos arenosos ou mistos (até aos 150m), mas também pode ser encontrada em fundos lodosos.


Pescada principalmente a surfcasting, em Espanha está também muito difundida a pesca à boia, com pequenos gastrópodes ou bivalves.
É na pesca embarcada que se obtêm os melhores resultados, utilizando o famoso sistema do saco de plástico.
A sua captura pode ainda ser efetuada com pequenos artificiais em condições particulares.
Os exemplares de 1-1,5kg são excecionais e combativos. De um modo geral, as capturas ficam-se por pesos inferiores a 500g. Como máximo da espécie, está oficialmente registado um exemplar com 12 anos e 55 cm (in fish base).
A reprodução tem lugar no Verão e os alevins crescem em zonas de maternidade (junto à costa, ou em rias e estuários)
Curiosamente, regista-se bastante a ocorrência de parasitismo nesta espécie. Muito mais frequente do que nos sargos e robalos.
No Verão de 2008 registou-se um ténue ressurgimento de juvenis desta espécie, em algumas zonas, o que é animador. No entanto, sem a imposição de defesos ou proibição temporal de pesca (incluindo o arrasto em zonas mais sensíveis), esta espécie poderá nunca recuperar da pressão a que foi sujeita no passado.

S. Ferreira

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