quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Chondrostoma wilkommii


A boga-do-guadiana é uma das várias espécies do género existentes em Portugal.

Caracteriza-se por um aspeto fusiforme e alongado. Não apresenta barbilhos e na zona inferior da boca possui uma placa de bordo cortante destinada a raspar alimento do fundo.
É um peixe comum em alguns cursos de água Algarvios, podendo atingir cerca de 30 cm de comprimento e 400-500g de peso.

Alimenta-se de invertebrados (moluscos e larvas de insetos), assim como de vegetais.
Na primavera efetua migrações para zonas de água corrente pouco profunda, onde as fêmeas libertam os ovos (1.000 a 7.000) que são imediatamente fecundados. É um espetáculo ver os peixes nesta altura crucial. De referir que neste período, os machos apresentam os típicos tubérculos nupciais, comuns a outras espécies de ciprinídeos (como o barbo).


Aproveitando o facto, é hábito as gentes do interior colocarem redes neste período, o que é de todo condenável e deverá ser objeto de uma ação firme da nossa parte.

Estes peixes desempenham um papel muito importante nas populações de achigãs, porque em determinados lugares são o seu principal alimento. É costume os achigãs ficarem suspensos, perseguindo os cardumes de bogas.
Com a chegada de espécies invasoras, como o alburno, introduzidos de forma criminosa por indivíduos com poucos escrúpulos, as bogas correm sérios riscos.
Teme-se que o futuro seja algo negro, se não forem desencadeadas medidas de conservação da espécie.

S. Ferreira

4 comentários:

José Gomes Torres disse...

Sérgio, esta é mais uma espécie condenada a desaparecer e não é por causa dos achigãs. As bogas preferem águas correntes, oxigenadas e límpidas, sendo considerada por isso um óptimo bio-indicador da qualidade do meio.
Os achigãs preferem águas mais calmas, pelo que o seus encontros na generalidade das massas de água são fortuitos e ocasionais. Mas há algumas excepções...
Os principais inimigos são a pesca no periodo de desova, as redes como referiste e muito bem, a destruição de habitat com a construção de obras hidráulicas, e claro está, a extracção de inertes no periodo de desova, onde as bogas depositam os ovos...

S. Ferreira disse...

Acho que quanto aos encontros entre ambas as espécies estás enganado, GT.
Os achigãs adoram bogas e capturam-nas normalmente.
Também te sei dizer que elas sobrevivem perfeitamente em águas paradas, se tiverem claro, água corrente para se reproduzirem.
Por aqui não temos extracção de inertes.
Com a chegada dos alburnos, libertados por alguns bandidos que conheces, a cadeia alimentar será radicalmente alterada e serão estas modificações que irão dar origem à extinção de algumas espécies. Com a natureza não se brinca e há indivíduos que se esquecem que não são Deus!

Um abraço,

José Gomes Torres disse...

Sérgio, como eu referi, há excepções e eu conheço algumas...
Como sabes há por aí quem ache que o achigã é um predador feroz e responsável por acabar com algumas espécies autóctones, o que como sabes não é verdade.
Os achigãs adoram tudo o que mexe, como algumas amostras que lhes atiramos e que não se parecem com nada do que comem habitualmente, não é só as bogas hehehehe...
Nas variantes do menu que existe dentro de água, há outras coisas menos rápidas para comer!!!
Um abraço.
GT

S. Ferreira disse...

Essa é uma longa história, fomentada por lobbies que tentam justificar verbas que lhes são atribuídas.
Apenas referi os achigãs no texto, porque em algumas barragens Portuguesas, constituem um dos principais inimigos naturais das bogas.
Obviamente, a predação por eles exercida, em caso algum poderá por em causa a sobrevivência da espécie. Neste campo, a acção do homem através da pesca com redes e introdução de alburnos, são infinitamente mais lesivas.
Os desgraçados dos achigãs apenas desempenham um processo de selecção natural, tornando as populações mais saudáveis e mantendo o seu natural equilíbrio.