sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Captura e devolução















O achigã (Micropterus salmoides) foi introduzido no nosso país por volta nos anos sessenta.
Desde aí, conheceu uma dispersão sem limites de norte a sul.
No meu ponto de vista, o sul do país necessitava deste peixe nas suas águas, porque se tratava de um predador de topo, que iria promover a selecção das várias espécies de ciprinídeos autóctones (a carpa não é autóctone). Tratava-se de um peixe combativo caracterizado por dar saltos acrobáticos durante o ataque às amostras artificiais e nos instantes seguintes à luta.
Os anos 70 e 80 foram o período de ouro para pescar este peixe. Algumas barragens possuiam exemplares com um tamanho muito acima da média europeia. Com a introdução das modernas técnicas de pesca Americanas e a sua grande divulgação, assistiu-se a um decréscimo dos efectivos deste peixe nalguns locais mais emblemáticos (ex: Sta. Clara).
Neste período os peixes com mais de 3 kg eram abundantes e utilizando técnicas selectivas, os exemplares grandes estavam acessíveis. Na altura a devolução do peixe após a captura não era um procedimento muito usual.
Se entrarmos em conta com as delapidações prepetuadas pelos indivíduos que utilizavam peixe vivo, vamos entender a diminuição que se seguiu a este período inicial.
Estes ecossistemas de águas paradas são terrivelmente vulneráveis e sem entrarmos em conta com a fiscalização e repovoamentos inexistentes, o panorama não tem sido nada animador...
A captura e solta é hoje em dia uma prática corrente para muitos Portugueses.
Tendo em conta o que referi anteriormente, para conseguirmos manter este fantástico peixe desportivo nas nossas águas durante muitos anos, teremos sem qualquer dúvida que manusear correctamente os exemplares pescados e devolvé-los o mais rapidamente possível (e adequadamente) ao seu meio.
Actualmente faço-o a 100% com os reprodutores, pois a remoção destes dita a regressão das populações. Guardo a luta proporcionada na minha memória e as fotos que congelaram o exemplar no meu banco de dados.
A libertação deve ser também encarada como um agradecimento nosso, ao exemplar que nos proporcionou aqueles momentos únicos.
A pesca não deve ser vista como uma actividade da qual teremos que ter necessariamente um retorno; a pesca é uma libertação e uma actividade que nos permite fazer parte integrante da natureza. E como nós humanos já nos apercebemos, fazemos parte desta última. Destruindo-a, estamos a destruir-nos a nós próprios.


S. Ferreira

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